Cemitério misterioso antigo não possui nenhum resto mortal

Localizado na Finlândia, escavações no local forneceram fortes indícios de que era um cemitério, mas nenhum resto mortal foi encontrado
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 06/12/2023 08h21
Existem cerca de 200 covas no cemitério, mas nenhum resto mortal foi encontrado (Crédito: Agência Finlandesa do Patrimônio/ Hakonen et al., Antiguidade , 2023 )
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Um antigo sítio arqueológico localizado na Finlândia tem confundido pesquisadores há algumas décadas, isso porque milhares de restos arqueológicos foram encontrados no local que se assemelha a um antigo cemitério, mas nenhum resto humano foi descoberto. No entanto, agora um novo estudo fornece mais indícios que a região realmente foi um local de sepultamento na Idade da Pedra. 

A nova análise foi descrita em uma pesquisa publicada recentemente na Antiquity e liderada pelo arqueólogo Aki Hakonen, da Universidade de Oulu, na Finlândia. A primeira investigação do local aconteceu em 1959, e outro estudo foi realizado em 1980. Agora a nova escavação reforça o que foi apontado por elas.

  • O sítio está localizado no limite do Círculo Polar Ártico, em Tainiaro, conhecido por invernos longo e rigorosos;
  • Investigações anteriores, além dos artefatos, descobriram que o solo arenoso da região era tingido de cinza e listrados de vermelho com ocre;
  • Agora na nova pesquisa é apontado que existem cerca de 200 covas escavadas há 6500 anos, um dos maiores cemitério da Idade da Pedra na Europa.

Para chegar a conclusão de que o local deve ser considerado um cemitério, os arqueólogos analisaram as covas e compararam o tamanho e o conteúdo delas com os de outros cemitérios da Idade da Pedra encontrados na Finlândia.

Apesar dos ossos e restos humanos terem se deteriorado no solo acido ao longo dos milhares de anos, pedaços de cerâmicas, artefatos e alguns ossos de animais queimados foram preservados e encontrados no local. Além disso, o formato e tamanho das covas são muito semelhantes aos encontrados em outros 14 cemitérios no norte da Europa.

Ferramente de pedra encontrada no local durante escavações de 1989 (Crédito: Aki Hakonen)

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Caso as covas sejam realmente sepulturas, o grande número existente delas pode indicar que viviam mais pessoas próximo ao Ártico na Idade da Pedra, do que se pensava. Para confirmar, a equipe pretende usar radares de penetração no solo para estudar o local sem perturbá-lo, em busca de DNA humano, cabelos fossilizados ou peles de animais e penas de pássaros para entender mais sobre possíveis práticas funerárias.

Além disso, os pesquisadores acreditam que Tainiaro pode ter sido mais que apenas um cemitério. A presença de ferramentas e materiais queimados no local pode indicar que por pelo menos um tempo, os nômades da Idade da Pedra podem ter vivido no local.

Muitas perguntas sobre Tainiaro permanecem sem resposta. Por enquanto, porém, a noção de que parece ter existido um grande cemitério perto do Círculo Polar Ártico deveria levar-nos a reconsiderar as nossas impressões sobre o Norte e o seu lugar periférico na pré-história mundial.

Trecho do artigo
Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.