Pesquisa encontra composto anti-inflamatório com menos efeitos colaterais

Estudo realizou triagem virtual para selecionar uma classe de compostos com potencial de inibir uma enzima responsável por inflamação
Por Nayra Teles, editado por Ana Luiza Figueiredo 07/12/2023 03h22
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(Imagem: kravaivan11/Pixabay)
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Uma patente que concede exclusividade na exploração de uma classe de compostos com potencial anti-inflamatório e menos efeitos colaterais foi desenvolvida pela pesquisadora da USP Flávia Carla Meotti.

O estudo realizou uma triagem virtual e selecionou algumas substâncias que podem inibir a enzima mieloperoxidase (MPO), responsável pela reação inflamatória, com mais eficácia.

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Anti-inflamatório com menos efeitos colaterais

Nosso corpo encontra formas de tornar a recuperação de determinada ferida ou infecção mais rápida e efetiva. A inflamação é uma consequência dessa reação de defesa. No entanto, se o mecanismo for muito intenso, pode levar à morte. Por isso, surge a necessidade dos anti-inflamatórios.

Atualmente os compostos com essa função podem atacar mais enzimas do que o necessário, causando efeitos colaterais. Ao contrário disso, as novas substâncias encontradas pela pesquisa são mais certeiras nos alvos, evitando inibir outras enzimas. Além disso, o composto mostrou ter uma capacidade anti-inflamatória superior a outros muito usados, como o ácido mefenâmico.

Seleção de compostos

  • O estudo realizou uma triagem digital para selecionar os compostos.
  • Após uma seleção inicial, os compostos foram testados com a enzima MPO isolada.
  • Aqueles que conseguiram inibi-la também passaram por testes com células de sangue.
  • Ao final da seleção, os quatro melhores compostos foram testados em camundongos com gota — doença que causa inflamações nas articulações.

Flavia conta ao Jornal da USP que a capacidade de inibir a MPO é muito interessante para combater inflamação crônica, já que “está exclusivamente presente na inflamação e não participa de outros processos fisiológicos”. Essa enzima também está relacionada a doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

Próximos passos

Para avançar no estudo e levar a patente ao mercado, ainda são necessários diversos testes sobre a absorção oral, presença no sangue, efeitos em indivíduos saudáveis e eficácia na redução da inflamação. A pesquisadora enfatiza a necessidade de parcerias com indústrias para financiar a realização de mais experimentos.

A patente foi desenvolvida para abranger uma classe química do composto. Isso permite que, em caso de falhas nos testes, ajustes moleculares possam ser feitos e concede o direito de invenção para qualquer composto derivado do original.

Nayra Teles
Redator(a)

Nayra Teles é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redatora no Olhar Digital

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.