Senado vai analisar PL que criminaliza uso de IA para criar nudes; entenda

A Câmara dos Deputados aprovou um PL que criminaliza o uso de IA para criar imagens de mulheres em situações de intimidade ou nudez
Por Pedro Spadoni, editado por Bruno Capozzi 08/12/2023 08h56, atualizada em 08/12/2023 10h31
Mulher vestindo lingerie deitada de bruços numa cama
(Imagem: Rawpixel)
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A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei (PL) que criminaliza o uso de inteligência artificial (IA) para gerar imagens de mulheres em situações de intimidade ou nudez. O texto foi aprovado em votação simbólica, na quinta-feira (07).

Para quem tem pressa:

  • A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que criminaliza o uso de inteligência artificial para criar imagens de mulheres em situações de intimidade ou nudez. A votação ocorreu na quinta-feira (07) em regime simbólico;
  • O projeto de lei estipula penas de dois a quatro anos de reclusão, com possibilidade de aumento da pena caso a vítima seja menor de idade. O PL agora será encaminhado ao Senado para avaliação;
  • A proposta foi motivada por casos de abuso de IA, incluindo o uso de fotos de alunas de um colégio no Rio de Janeiro para criar imagens falsas de nudez, além de incidentes similares em outras cidades e países;
  • O projeto de lei promove mudanças no Código Penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em resposta a alertas globais sobre os riscos de disseminação de imagens falsas produzidas por IA;
  • O PL foi proposto em resposta a incidentes específicos e se concentra na criminalização dos autores de violência sexual por meio de IA. Ele não trata da responsabilização das plataformas usadas para gerar as imagens.

O projeto de lei prevê pena de dois a quatro anos de reclusão, podendo ser ainda maior, caso a vítima seja menor de idade. O PL, que agora segue para o Senado, foi apresentado após denúncias feitas por pais de alunas do Colégio Santo Agostinho, no Rio de Janeiro (RJ).

Leia mais:

As alunas do colégio tiveram seus rostos usados em imagens de nudez, criadas por colegas por meio de inteligência artificial, que acabaram circulando pelas redes sociais. Casos semelhantes ocorreram em Recife e até nos EUA.

Projeto de lei contra nudes gerados por IA

Pessoa segurando tablet com cabeça não-humana em cima com sigla de inteligência artificial (IA) na testa
(Imagem: Jirsak/Shutterstock)

A proposta foi aprovada por unanimidade e, sob regime de urgência, promove alterações no Código Penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O projeto surge em resposta aos alertas de entidades civis globais sobre os riscos da disseminação de imagens falsas de mulheres e crianças produzidas por IA.

Em resposta a esse tipo de incidente, a deputada Nely Aquino (PODE-MG) propôs, em 22 de novembro, um projeto de lei que torna crime a “manipulação não autorizada de imagem íntima de mulher.”

Esse projeto foi combinado com outra proposta da deputada Erika Kokay (PT-DF), relacionada à divulgação sem consentimento de conteúdo íntimo feminino. De acordo com o texto aprovado, usar imagens obtidas em contextos profissionais, comerciais ou funcionais da mulher pode agravar a pena em 50%.

A relatora do projeto, deputada Luísa Canziani (PSD-PR), enfatizou a necessidade de atualizar a legislação para estabelecer limites a crimes cometidos por meio da IA, num cenário onde ainda não existe regulamentação específica para essa tecnologia.

O projeto de lei foca na criminalização do autor da violência sexual, sem tratar da responsabilização das plataformas utilizadas para gerar as imagens. Desde 2018, no Brasil, é crime gravar ou produzir imagens de ato sexual sem autorização, bem como a prática conhecida como upskirting, que consiste em gravar imagens de mulheres nuas em locais públicos.

Repercussão

Nesta quinta-feira (07), durante a coluna Seu Direito Digital, no Olhar Digital News, o consultor de privacidade e tecnologia Leandro Alvarenga falou sobre o projeto de lei. Outros assuntos discutidos foram as chamadas abusivas e a regulamentação do trabalho de motoristas que atuam por aplicativo. Acompanhe!

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.