“Chip da beleza”: implante que promete bem-estar leva jovem à UTI

O "chip da beleza" é um implante que contém hormônios e prometem milagres para emagrecer, mas não tem comprovação científica
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 15/12/2023 15h09
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Imagem: Celso Pupo/Shutterstock
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Uma jovem de 20 anos foi internada em estado grave na UTI de um hospital de São Paulo após colocar dois implantes do chamado “chip da beleza“. Ela desenvolveu um edema cerebral. O caso acendeu um alerta para os riscos relacionados ao uso destes implantes que contém hormônios e prometem milagres para emagrecer, controlar a ansiedade para comer, aumentar a libido e tratar a obesidade.

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Sem comprovação científica

  • Com até 1,5 cm, o “chip da beleza” é um implante em forma de bastonete de silicone inserido embaixo da pele por meio de uma microincisão.
  • A quantidade de hormônios varia conforme o paciente.
  • O implante em questão tinha ciproterona, gestrinona, testosterona e ocitocina.
  • Segundo especialistas, eles representam um risco à saúde e não têm qualquer comprovação científica de que traga os resultados prometidos.
  • As informações são do G1.

Riscos da ocitocina em grandes quantidades

A ocitocina, conhecida popularmente como hormônio do amor, é produzida pela hipófise e tem uma ação antidiurética, agindo sobre o equilíbrio da água e sódio no corpo. Quando há uma quantidade de hormônio acima dos níveis naturais, o corpo acumula água e esse acúmulo faz com que o sódio no sangue fique baixo, causando uma intoxicação por água.

No caso da paciente, ela teve um edema cerebral, que é caracterizado por um inchaço no cérebro. Segundo especialistas, o edema é uma das consequências do excesso de água no corpo.

Pelo quadro clínico, a principal hipótese foi essa. Quando se aumenta a ocitocina, e essa quantidade que ela usava no implante era grande, pode aumentar a água no corpo e, com isso, gerar uma baixa nos níveis de sódio. Isso é o que pode ter gerado o edema cerebral que ela teve.

Marcelo Luis Steiner, ginecologista endócrino

Não há qualquer pesquisa que ateste a eficácia da ocitocina para tratar obesidade, ansiedade ou falta de libido. Por isso, o Conselho Federal de Medicina proibiu em abril deste ano o uso de terapias hormonais com fins estéticos.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.