Quando colonos europeus chegaram na pequena Ilha de Maurício no oceano indico no século XVII, encontraram ali uma simpática ave, que não temia a sua presença. O dodôs, que são parentes dos pombos, pesavam em média 23 quilos e podiam chegar a quase um metro de altura. Porém, esse encontro não foi nem um pouco agradável para as aves.

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Maurício é uma ilha pequena do oceano índico, nomeada em homenagem ao administrador da companhia das índias orientais, o Conde Mauricio de Nassau. A ilha só foi colonizada de fato a partir de 1598, quando os holandeses decidiram instaurar ali um ponto de apoio e reabastecimento para seus navios. Porem ao chegarem em Maurício os navegadores se depararam um uma estranha ave. Com um bico grande e curvado na ponta, pernas grandes e asas minúsculas, o Dodô era um habitante bastante simpático.

O que foram os dodôs?

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Imagem: Representação de como eram os Dodôs, ave endêmica, das Ilhas Maurício, extinta no século XVII. Créditos: Daniel Eskridge/Shutterstock

Ninguém sabe ao certo como os dodôs chegaram em Maurício, mas os cientistas consideram que as condições de vida na ilha foram tão propícias para sua estadia que as aves resolveram ficar por lá e nunca mais sair. Descrito pelos holandeses como uma espécie gigante sem capacidade de voo, o dodô compartilhava parentesco com abutres e pombos, apresentando uma estatura imponente de quase um metro e um peso considerável de cerca de 23 quilos.

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O dodô foi descrito como uma ave “burra”, a falta de aptidão para o voo e o costume de se alimentar de pedras não contribuíam muito para a reputação das aves. O fato é que os dodôs evoluíram em um ambiente bastante favorável. Maurício possui uma grande variedade de frutas e sementes, que eram a alimentação preferida de fato das aves, além de tudo a ausência de predadores moldou a personalidade dos dodôs, que não tinham medo de nada. A vida pacata moldou a anatomia dos dodôs, suas asas atrofiaram e suas pernas ficaram robustas, com ossos pesados e a pelve larga, facilitando uma vida terrestre.

Outro fator que atesta a adaptação do dodô a uma vida pacata em Mauricio, era o fato de que as fêmeas só colocavam um ovo por ano. É bastante comum que aves coloquem vários ovos de uma só vez, a abundância de filhotes permite que a parte da prole sobreviva, detrimento de seus irmãos que serão comidos, acometidos por doenças etc. Os dodôs com seus filhotes que eclodiam anualmente só temiam os ciclones que atingem a ilha, porém sua anatomia, com um corpo pesado permitia que os animais sobrevivessem às temporadas de tempestades.

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Quando e por que os dodôs foram extintos?

Dodôs sendo caçados em uma gravura desenhada em preto e branco.
Matança de dodôs (centro esquerdo, erroneamente retratados como pinguins) e outros animais de Maurício agora extintos. Crédito: The journal of Willem van Westsanen

A falta de predadores naturais, tornou os dodôs bastante vulneráveis a presença humana, quando os colonos europeus chegaram à Maurício no século 17. Sem reconhecer os humanos como ameaça, os dodôs eram facilmente capturados. De fato, No diário de bordo registrado por Willem Van West-Zanen, a bordo do navio Bruin-Vis em 1602, consta que foram abatidos de 24 a 25 dodôs de uma só vez para fins alimentares. Essas aves eram tão imponentes que a quantidade de carne resultante de apenas dois exemplares era praticamente inesgotável em uma única refeição, e os restos eram preservados por meio do processo de salga.

Apesar dos relatos de caça descreverem a captura de diversos animais, para provisões de bordo, a documentação de quantos animais foram mortos é escassa. O declínio da população de dodôs foi agravado pela introdução de espécies invasoras na ilha Maurício. Apesar de a população da ilha nunca ter ultrapassado 50 pessoas, cães, porcos, gatos, ratos e macacos-do-mato, foram levados pelos holandeses. Esses animais caçavam as aves e competiam por recursos limitados e saqueavam os ninhos de dodô, interrompendo a reprodução dos animais.

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Os registros sobre a data exata da extinção são controversos, mas o último avistamento amplamente aceito ocorreu em 1662. A falta de reconhecimento da extinção até o século XIX foi atribuída a crenças religiosas e à incredulidade sobre a existência do próprio dodô, considerado por muitos como uma criatura mitológica até que Georges Cuvier provou sua extinção.

É possível reviver os dodôs?

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Imagem: Cryptographer / Shutterstock

Após quase 400 anos de sua extinção, os dodôs podem voltar à vida. A ambiciosa iniciativa da Colossal Laboratories & Biosciences em Dallas, Texas. Planeja utilizar informações genéticas recuperadas de restos de dodôs em museus para modificar geneticamente o parente mais próximo vivo, o pombo-de-nicobar. Para tal, a Colossal pretende utilizar a otimização de condições das células germinativas primordiais (PGCs) desses pombos

Não é a primeira vez que a empresa anuncia planos de trazer de volta à vida espécies extintas. O mamute-lanoso e o lobo-da-tasmânia também estão entre os animais que se pretende trazer de volta. Porém, essa combinação de edição genômica e biotecnologia, traz consigo desafios éticos e ecológicos, afinal qual seria o efeito de reintroduzir esses animais em um mundo tão degradado como o nosso?