Tsunami gigante que assolou a ilha Santorini é explicado 370 anos depois

Em 1659, um vulcão próximo à costa de Santorini explodiu, causando um tsunami que tinha ondas que atingiram 20 metros de altura
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 05/01/2024 07h30
Ilha de Santorini (Crédito: Dmitry Rukhlenko/ Shutterstock)
Ilha de Santorini (Crédito: Dmitry Rukhlenko/ Shutterstock)
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Um grupo de pesquisadores parece ter finalmente descoberto o mistério por trás da erupção subaquática do vulcão Kolumbo seguida por um tsunami com ondas de 20 metros que atingiu a Ilha de Santorini, na Grécia, há 373 anos. Para a pesquisa, foi utilizado o navio Poseidon, que com sísmica 3D mostrou como se deu a sucessão dos eventos.

O estudo foi publicado recentemente na revista Nature Communications e apontou que esses eventos, que foram relatados por testemunhas da época, só poderiam acontecer em um cenário onde houvesse erupções vulcânicas e deslizamento da Terra. Assim, os pesquisadores resolveram investigar a atividade sísmica da região.

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A erupção e o tsunami em Santorini

No final do verão, do hemisfério norte, de 1659, habitantes da região de Santorini relataram que a água havia mudado de cor e estava muito quente. A cerca de 7 quilômetros da costa da ilha, um vulcão submarino surgiu expelindo lava. Era possível ver fogo e relâmpagos, além de uma nuvem cinzenta que escureceu todo o céu.

De repente, a água recuou, para logo em seguida avançar sob Santorini em ondas que atingiram 20 metros de altura, e gerando um estrondo que pode ser ouvido a cerca de 100 quilômetros de distância. Esses eventos resultaram em uma chuva de cinzas e pedras em ilhas vizinhas e uma nuvem de gás venenoso que causou várias mortes.

Agora, pesquisadores alemães e gregos foram até o Mar Egeu, na Grécia, para estudar a cratera formada pelo vulcão. A pesquisa, iniciada em 2019, utilizou uma tecnologia espacial com métodos sísmicos 3D que permitiu entender como o tsunami surgiu e se tornou tão alto, e por que a explosão do vulcão Kolumbo foi tão violenta. As imagens tridimensionais, revelaram que:

  • O vulcão está a cerca de 18 metros abaixo da superfície da água;
  • Ele possui cerca de 2,5 quilômetros de diâmetro e cerca de 500 metros de profundidade;
  • Um dos lados do cone estava claramente deformado, indicando que parte do vulcão havia sido escorregador.

Com base nessas descobertas, foram comparados diversos cenários onde o tsunami atingiu 20 metros de altura. Na simulação onde ocorreu apenas a explosão vulcânica, eles perceberam que as ondas possuíam apenas 6 de metros de altura. Já quando as erupções eram combinadas com deslizamentos de terra, as ondas de 20 metros de altura poderiam ser explicadas.

Quando um dos flancos do vulcão escorregou, o efeito foi como abrir uma garrafa de champanhe: a liberação repentina da pressão permitiu que o gás no sistema do magma se expandisse, resultando em uma enorme explosão.

Jens Karstens, geólogo marinho e autor do estudo, em comunicado

Além de finalmente fornecer uma resposta ao mistério desses eventos de Santorini, os resultados dessa pesquisa forneceram descobertas importantes para o desenvolvimento de sistemas de monitoramento de erupções submarinas, até mesmo um sistema de alerta precoce.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.