Nanorrobôs, movidos a ureia, uma substância encontrada na urina, foram desenvolvidos por um grupo de cientistas para injetar tratamento radioativo em tumores na bexiga. A tecnologia tem como objetivo realizar tratamentos mais eficazes e diminuir a recorrência do câncer.

O estudo foi conduzido por pesquisadores do Instituto de Investigação em Biomedicina (IRB) de Barcelona, em parceria com o Instituto de Bioengenharia da Catalunha (IBEC), CIC biomaGUNE e a Universidade Autónoma de Barcelona (UAB).

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Como nanorrobô navega na bexiga

  • Os pequenos robôs médicos desenvolvidos pelos cientistas são impulsionados pela urina, mais especificamente pela ureia presente nela, por dentro da bexiga.
  • A estrutura do nanorrobô é modificada para transportar componentes como a enzima urease
  • Ela é responsável por catalisar a hidrólise da ureia em amônia e dióxido de carbono, impulsionando o nanorrobô.
  • A tecnologia também carrega o iodo-131, um radioisótopo geralmente usado para o tratamento de tumores.

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Redução do tumor

Os nanorrobôs foram testados em camundongos com câncer de bexiga. Após a inserção da tecnologia nos animais, os cientistas utilizaram um tipo de exame chamado tomografia por emissão de pósitrons (PET), que mostrou a concentração dos pequenos robôs na área do tumor.

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Ao examinar mais de perto com um exame microscópico, foi possível observar que os robôs conseguiram penetrar no interior do tumor. Quando os nanorrobôs administraram iodo-131 diretamente no local, houve uma redução de tamanho de cerca de 90%.

Samuel Sánchez, um dos autores do estudo, explicou ao portal New Atlas o que a tecnologia pode trazer de benefícios ao contexto do tratamento de câncer de bexiga:

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Isso [tratamento com nanorrobôs] é significativamente mais eficiente do que os tratamentos atuais, já que os pacientes com esse tipo de tumor costumam ter entre seis e 14 consultas hospitalares. Esta abordagem terapêutica aumentaria a eficiência, reduzindo a duração das hospitalizações e o custo do tratamento.

Samuel Sánchez

Próximos passos

Com o sucesso da primeira fase de testes com os nanorrobôs, os cientistas pretendem realizar experimentos para determinar se os tumores reapareceram após a sua aplicação.

Os métodos de tratamentos atuais têm taxas de recorrência que podem variar de 30% a 70% em cinco anos. A maioria dos pacientes precisa ser monitorada e, às vezes, passar por procedimentos adicionais. A expectativa é que os nanorrobôs reduzam essa taxa.

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Detalhes sobre o estudo foram publicados na revista Nature Nanotechnology.