Novas imagens do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, revelaram uma visão surpreendente do espaço sideral. Uma estrela praticamente recém-nascida em nosso “quintal cósmico”, apresenta uma cauda misteriosa de gás e poeira – que os cientistas não conseguem explicar.

Por que esta estrela interessa aos cientistas:

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  • Beta Pictoris é uma estrela jovem semelhante ao Sol situada a cerca de 63 anos-luz do Sistema Solar;
  • Ela é uma das vizinhas mais próximas que temos o privilégio de observar;
  • Descoberta em 1984, esta estrela tem sido alvo de estudos devido à sua idade;
  • Com menos de 20 milhões de anos, ela é considerada uma raridade no cosmos.

Assim como outras estrelas na fase infantil, Beta Pictoris é circundada por um extenso anel de gás e poeira aquecidos, conhecido como disco protoplanetário. Com o tempo, esse material resfria, aglutina-se e forma corpos celestes, como planetas e asteroides.

Imagem descritiva da “cauda de gato” de poeira que se curva para longe do segundo disco planetário da estrela Beta Pictoris. Crédito: NASA, ESA, CSA, STScI, C. Stark e K. Lawson (NASA GSFC), J. Kammerer (ESO) e M. Perrin (STScI)

Recentemente, foram identificados dois exoplanetas gigantes no disco de Beta Pictoris: Beta Pictoris b e Beta Pictoris c, ambos maiores do que o planeta Júpiter.

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Em 2006, o Telescópio Espacial Hubble conseguiu detectar um disco secundário mais tênue girando ao redor dessa estrela, em um leve ângulo em relação ao disco principal – uma observação pioneira para a NASA.

No entanto, as mais recentes imagens infravermelhas capturadas pelo JWST apresentam uma revelação ainda mais intrigante: uma sequência de material no disco secundário que se curva para longe do disco principal, assemelhando-se a uma cauda de gato. 

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Cauda descoberta pelo James Webb sugere que sistema estelar é mais ativo e turbulento

Esses resultados foram apresentados na 243ª reunião da Sociedade Astronômica Americana, realizada de 7 a 11 de janeiro em Nova Orleans, nos EUA, destacando o caráter altamente incomum dessa formação.

Christopher Stark, astrofísico do Centro Espacial Goddard, da NASA, e cientista do projeto JWST, destacou na apresentação que a inusitada cauda sugere que o sistema Beta Pictoris pode ser mais ativo e caótico do que se pensava anteriormente.

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Espalhada por 16 bilhões de km de extensão, a cauda de Beta Pictoris não é muito densa, com massa estimada equivalente a alguns dos maiores asteroides do nosso sistema solar.

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Embora a cauda pareça curvar-se acentuadamente para longe do resto do disco, os pesquisadores acreditam que isso seja uma ilusão de ótica criada pelo ponto de vista distorcido do JWST da estrela alienígena. Na verdade, eles acham que ela se afasta do disco por um ângulo de apenas cerca de cinco graus.

De acordo com um comunicado da NASA, a hipótese mais plausível é que a cauda surgiu de uma colisão entre um asteroide e um protoplaneta, resultando na pulverização de parte do material do disco. A luz da estrela, então, teria moldado e estendido esse material deslocado.

Marshall Perrin, astrônomo planetário do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial, explica que a luz da estrela impulsiona as partículas menores para longe mais rapidamente do que as maiores, criando a longa extensão de poeira observada na cauda do gato.

Stark ressalta a extrema dificuldade de reproduzir essa cauda utilizando modelos computacionais, indicando a necessidade de mais pesquisas para validar essa teoria. 

Por fim, os dados do JWST também revelaram uma surpresa adicional: os dois discos de Beta Pictoris apresentam temperaturas distintas, sugerindo uma composição orgânica predominantemente escura no disco secundário em contraste com o gás do disco principal.