Astrônomos da Universidade de Warwick, no Reino Unido, descobriram 85 possíveis novos mundos fora do nosso Sistema Solar, com temperaturas semelhantes às dos nossos vizinhos próximos. Esses candidatos a exoplanetas foram detectados pela análise de dados do TESS – o caçador de planetas alienígenas da NASA.

Sigla em inglês para “Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito”, o telescópio espacial já identificou quase sete mil candidatos a exoplanetas (que fazem parte do catálogo de “Objetos de Interesse do TESS”, cuja sigla é TOI) – dos quais mais de 400 foram confirmados. 

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Estes mais recentes, segundo um comunicado da Universidade de Warwick, são comparáveis em tamanho a Júpiter, Saturno e Netuno. Eles são muito mais frios do que a maioria dos mundos encontrados pela missão TESS.

Representação artística do caçador de exoplanetas TESS, da NASA. Crédito: alexaldo – Shutterstock (fundo) / Dotted Yeti – Shutterstock (TESS). Montagem: Olhar Digital

Desde que foi lançada, em abril de 2018, a espaçonave tem mapeado cerca de 200 mil das estrelas mais brilhantes próximas do Sol, com o objetivo de identificar exoplanetas em trânsito por meio das oscilações no brilho dessas estrelas. Ou seja, quando um planeta passa “na frente” de uma estrela, ele a “esconde” da visão do equipamento, que faz medições dessas variações luminosas.

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Essas medições permitem que os cientistas identifiquem exoplanetas e determinem seus tamanhos. Normalmente, pelo menos três trânsitos precisam ser vistos para descobrir um exoplaneta dessa maneira, a fim de determinar quanto tempo eles levam para orbitar sua estrela.

No entanto, neste novo estudo, publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (MNRAS), o foco estava em sistemas que só transitam duas vezes. Isso resulta em descobertas de exoplanetas em períodos orbitais mais longos, permitindo a identificação de exoplanetas em temperaturas mais baixas. 

Os 85 novos possíveis planetas encontrados pelo estudo, dimensionados em relação a Júpiter e coloridos conforme suas temperaturas aproximadas: os vermelhos são mais quentes, e os azuis/roxos são mais frios. Crédito: Faith Hawthorn / Grupo de Astronomia e Astrofísica / Universidade de Warwick

Os candidatos a exoplanetas apontados por essa pesquisa levam entre 20 e 700 dias para orbitar suas estrelas hospedeiras, enquanto a maioria dos exoplanetas observados pelo TESS tem períodos orbitais de três a 10 dias.

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Exoplanetas encontrados pelo TESS estão na “zona habitável”

Em alguns casos, os exoplanetas estão em regiões suficientemente distantes de suas estrelas hospedeiras a ponto de terem a temperatura certa para sustentar a vida. Isso é conhecido como “zona habitável”. 

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Dos 85 exoplanetas potenciais detectados no novo estudo, 60 são novas descobertas, enquanto os outros 25 já haviam sido encontrados nos dados do TESS por equipes de pesquisa independentes usando diferentes técnicas de busca.

Executamos um algoritmo inicial procurando trânsitos em uma amostra de 1,4 milhão de estrelas. Depois de um processo de verificação meticuloso, reduzimos isso a apenas 85 sistemas que parecem hospedar exoplanetas que transitam apenas duas vezes no conjunto de dados.

Faith Hawthorn, pesquisadora de doutorado da Universidade de Warwick e líder do estudo

O professor Daniel Bayliss, também envolvido na pesquisa, acrescentou: “É muito emocionante encontrar esses planetas e saber que muitos deles podem estar na zona de temperatura certa para sustentar a vida”.

Segundo Faith, há muito espaço para pesquisas contínuas sobre esses exoplanetas – “para aprender mais sobre seus períodos orbitais exatos, se eles têm ou não luas e do que exatamente são feitos”.