Reforma de pirâmide no Egito gera polêmica

Vídeo que mostra o trabalho de reforma na pirâmide de Menkaure, em Gizé, no Egito, levantou uma discussão na internet
Flavia Correia30/01/2024 14h14
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Créditos: Conselho Supremo de Antiguidades do Egito
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Um vídeo que mostra o trabalho de reforma na pirâmide de Menkaure, em Gizé, no Egito, gerou diversas críticas nas redes sociais. A renovação foi considerada “absurda” por especialistas, enquanto Mostafa Waziri, chefe do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, se refere à ação como “o projeto do século”.

Em um vídeo publicado sexta-feira (26) no Facebook, Waziri exibiu trabalhadores colocando blocos de granito na base da pirâmide, que fica ao lado da esfinge e das pirâmides maiores de Khafre e Quéops.

https://www.facebook.com/watch/?v=306685341899960

Quando construída, a pirâmide foi envolta em granito, mas, com o tempo, perdeu parte de sua cobertura. Segundo Waziri, a reforma visa restaurar o estilo original da estrutura, reconstruindo a camada de granito.

“Presente do Egito para o mundo”

Programado para durar três anos, esse trabalho será “o presente do Egito para o mundo no século 21”, disse Waziri, que chefia a missão egípcio-japonesa responsável pelo projeto.

No entanto, não é assim que a opinião pública parece estar vendo. O vídeo no Facebook é seguido por comentários como o da egiptóloga Monica Hanna.

Não é possível! A única coisa que faltava era adicionar azulejos à pirâmide de Menkaure! Quando vamos parar com o absurdo na gestão do patrimônio egípcio? Todos os princípios internacionais sobre reformas proíbem tais intervenções”. Ela pede a todos os arqueólogos que “se mobilizem imediatamente.

Monica Hanna, egiptóloga.

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Também houve reações de sarcasmo à publicação. “Quando será planejado o projeto de retificação da Torre de Pisa?”, perguntou um comentarista. “Em vez de azulejos, por que não colocar papel de parede nas pirâmides?”, disse outro.

A questão da preservação do patrimônio no Egito – que deriva 10% de seu produto interno bruto do turismo – sempre é objeto de debates acalorados. A recente destruição de áreas inteiras da região histórica do Cairo levou a poderosas mobilizações da sociedade civil.

Ultimamente, o debate tem se concentrado na mesquita Abu al-Abbas al-Mursi, do século 15, na cidade costeira de Alexandria, a segunda maior do Egito. As autoridades locais anunciaram uma investigação depois que um empreiteiro encarregado da reforma decidiu repintar de branco os tetos ornamentados, esculpidos e coloridos da estrutura, que é a maior mesquita da cidade.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.