Satélite europeu vai cair na Terra após 16 anos em órbita

Como a reentrada do satélite é sem controle, é impossível saber exatamente quando e sobre qual região do globo isso vai acontecer
Por Flavia Correia, editado por Bruno Capozzi 06/02/2024 17h44, atualizada em 07/02/2024 21h27
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Um satélite da Agência Espacial Europeia (ESA), que ficou 16 anos em operação na órbita baixa da Terra, vai fazer uma reentrada na atmosfera do planeta neste mês. 

Denominado ERS-2 (sigla para “segundo satélite europeu de teledetecção”), o equipamento foi lançado em 1995, com a função de coletar dados cruciais sobre mudanças climáticas e o meio ambiente.

Como o satélite vai “cair” na Terra?

  • Uma série de manobras de desorbitação foi realizada para diminuir a altitude média do satélite ERS-2 e mitigar o risco de colisão com outros satélites ou detritos espaciais;
  • O satélite também foi flexibilizado para reduzir o risco de fragmentação;
  • Conforme ele for adentrando as camadas mais baixas da atmosfera, ele começará a queimar;
  • Como a reentrada da espaçonave é sem controle, é impossível saber exatamente quando e sobre qual região do globo isso vai acontecer, segundo o Escritório de Detritos Espaciais da ESA.

Segundo um comunicado da ESA, a espaçonave é equipada com uma variedade de instrumentos avançados, como radar de abertura sintética, altímetro de radar e sensores para medir temperatura da superfície oceânica e ventos marítimos – tendo proporcionado uma visão sem precedentes da Terra. 

Além disso, sua capacidade de monitorar desastres naturais, como inundações e terremotos, foi fundamental para alertar e ajudar comunidades em todo o mundo em momentos críticos ao longo dos anos.

Satélite desativado da ESA deixa legado para futuras espaçonaves

Com o término de sua vida útil em 2011, a ESA iniciou o processo de aposentadoria do ERS-2, preparando-o para seu último grande ato: reentrar na atmosfera terrestre e se desintegrar. Esse procedimento é importante para garantir que o satélite não se torne lixo espacial, reduzindo assim os riscos de colisões com outros objetos em órbita.

O legado do ERS-2 vai além dos dados que coletou. Ele pavimentou o caminho para o desenvolvimento de futuras missões espaciais, fornecendo tecnologias e conhecimentos essenciais para satélites meteorológicos, missões de pesquisa científica e outros programas de observação da Terra.

Seu radar, por exemplo, foi um precursor dos sistemas usados em missões como o satélite Copernicus Sentinel-1, enquanto seu altímetro de radar ajudou a influenciar o sensor da missão CryoSat Earth Explorer, crucial para mapear mudanças na espessura do gelo polar. 

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Atualmente, o satélite ERS-2 está em fase de decaimento orbital, impulsionado principalmente pela atividade solar. Sua reentrada na atmosfera terrestre está prevista para ocorrer ainda este mês. A ESA, juntamente com parceiros internacionais, está monitorando de perto a movimentação da espaçonave, fornecendo atualizações regulares sobre o processo neste link. 

É importante reconhecer o papel vital desse satélite europeu desativado na ampliação de nosso entendimento sobre a Terra e as mudanças do planeta. Seu legado continuará a inspirar e informar futuras gerações de cientistas e pesquisadores, à medida que enfrentamos os desafios ambientais da atualidade.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.