Documentário com Will Smith descobre anaconda na Floresta Amazônica

Produção de "Pole to Pole", documentário do National Geographic com Will Smith na equipe, descobriu mais uma espécie de anaconda na floresta
Por Pedro Spadoni, editado por Lucas Soares 20/02/2024 11h15, atualizada em 01/03/2024 09h35
Anaconda em beira de rio na Floresta Amazônica
(Imagem: FotoRequest/Shutterstock)
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A produção da parte amazônica do documentário Pole to Pole (“Polo a Polo”, em tradução livre), do National Geographic, descobriu uma variação de espécie de anaconda – a maior e mais pesada cobra do mundo – durante os trabalhos na floresta. Entre os membros da equipe, está o artista premiado Will Smith, que se embrenhou na mata para explorá-la.

Para quem tem pressa:

  • Durante a produção do documentário Pole to Pole da National Geographic na Amazônia, uma variação de espécie da anaconda foi descoberta.
  • O professor Bryan Fry, Universidade de Queensland, e sua equipe, em colaboração com o povo indígena Waorani, identificaram diferenças genéticas significativas entre as anacondas, apontando para a existência de uma variação de espécie.
  • A pesquisa notou um dimorfismo significativo entre machos e fêmeas de anacondas e descobriu diferenças na distribuição geográfica das espécies, indicando adaptações distintas a diferentes condições ambientais e ameaças como a contaminação por metais pesados;
  • A descoberta tem implicações importantes para a conservação da Amazônia e para a luta do povo Waorani contra impactos ambientais negativos, como a perfuração de petróleo. Também destaca a importância da pesquisa contínua para a preservação da biodiversidade.

O professor Bryan Fry, da Universidade de Queensland, liderava a equipe científica do documentário e conduzia um estudo sobre efeitos da perfuração de petróleo na Amazônia, em colaboração com o povo indígena Waorani, quando descobriu a diversidade nas espécies da cobra.

Em contato com o Olhar Digital, o biólogo Henrique Abrahão Charles, afirmou que o estudo não revela a existência de uma nova espécie completamente nova de anaconda, e sim faz uma reclassificação. “Não é uma nova espécie e sim uma reclassificação taxonômica”. Henrique é especialista em sucuris e é criador de conteúdo digital sobre biologia.

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Espécie de anaconda na Amazônia

Visão aérea do rio Amazonas
(Imagem: Curioso.Photography/Shutterstock)

A equipe de pesquisa, com a ajuda de Will Smith, observou, durante a gravação do documentário, altas concentrações de metais pesados nos corpos dos machos, refletindo a contaminação do ecossistema aquático.

As anacondas fêmeas, conhecidas por seu tamanho significativo, diferem drasticamente dos machos, que são menores e mais esbeltos. Esse dimorfismo levou à descoberta de diferenças significativas em suas dietas e vulnerabilidade à degradação do habitat.

Durante a amostragem de anacondas, notou-se que as anacondas verdes do Equador são maiores que as do Brasil. Por meio de amostras genéticas, a equipe descobriu uma diferença de 5,5% no DNA entre as anacondas do norte e do sul, indicando que são espécies distintas.

As espécies foram nomeadas como anaconda verde do norte (Eunectes akayima) e sua variação anaconda verde do sul (E. murinus), vivendo em diferentes bacias fluviais e separadas por uma divisão geográfica de dez milhões de anos. Além disso, o estudo constatou que o que eram consideradas três espécies distintas de anacondas amarelas são, na verdade, variações locais da mesma espécie.

Importância e próximos passos

A preocupação agora recai sobre a anaconda verde do norte, cuja distribuição é menor e mais afetada pela perfuração de petróleo, desmatamento e secas. Em entrevista ao IFL Science, Fry disse que planeja investigar se a poluição por petróleo tem afetado a fertilidade masculina dessas cobras.

Este estudo representa uma das maiores descobertas de novas espécies deste século e destaca a importância da conservação ambiental na Amazônia. A pesquisa também beneficia o povo Waorani, que luta contra a perfuração de petróleo em suas terras.

Fry considera essa descoberta o maior feito de sua carreira, dada a magnitude da descoberta e sua relevância ambiental. O estudo está disponível em acesso aberto na revista MDPI Diversity.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.