A produção da parte amazônica do documentário Pole to Pole (“Polo a Polo”, em tradução livre), do National Geographic, descobriu uma variação de espécie de anaconda – a maior e mais pesada cobra do mundo – durante os trabalhos na floresta. Entre os membros da equipe, está o artista premiado Will Smith, que se embrenhou na mata para explorá-la.

Para quem tem pressa:

  • Durante a produção do documentário Pole to Pole da National Geographic na Amazônia, uma variação de espécie da anaconda foi descoberta.
  • O professor Bryan Fry, Universidade de Queensland, e sua equipe, em colaboração com o povo indígena Waorani, identificaram diferenças genéticas significativas entre as anacondas, apontando para a existência de uma variação de espécie.
  • A pesquisa notou um dimorfismo significativo entre machos e fêmeas de anacondas e descobriu diferenças na distribuição geográfica das espécies, indicando adaptações distintas a diferentes condições ambientais e ameaças como a contaminação por metais pesados;
  • A descoberta tem implicações importantes para a conservação da Amazônia e para a luta do povo Waorani contra impactos ambientais negativos, como a perfuração de petróleo. Também destaca a importância da pesquisa contínua para a preservação da biodiversidade.

O professor Bryan Fry, da Universidade de Queensland, liderava a equipe científica do documentário e conduzia um estudo sobre efeitos da perfuração de petróleo na Amazônia, em colaboração com o povo indígena Waorani, quando descobriu a diversidade nas espécies da cobra.

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Em contato com o Olhar Digital, o biólogo Henrique Abrahão Charles, afirmou que o estudo não revela a existência de uma nova espécie completamente nova de anaconda, e sim faz uma reclassificação. “Não é uma nova espécie e sim uma reclassificação taxonômica”. Henrique é especialista em sucuris e é criador de conteúdo digital sobre biologia.

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Espécie de anaconda na Amazônia

Visão aérea do rio Amazonas
(Imagem: Curioso.Photography/Shutterstock)

A equipe de pesquisa, com a ajuda de Will Smith, observou, durante a gravação do documentário, altas concentrações de metais pesados nos corpos dos machos, refletindo a contaminação do ecossistema aquático.

As anacondas fêmeas, conhecidas por seu tamanho significativo, diferem drasticamente dos machos, que são menores e mais esbeltos. Esse dimorfismo levou à descoberta de diferenças significativas em suas dietas e vulnerabilidade à degradação do habitat.

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Durante a amostragem de anacondas, notou-se que as anacondas verdes do Equador são maiores que as do Brasil. Por meio de amostras genéticas, a equipe descobriu uma diferença de 5,5% no DNA entre as anacondas do norte e do sul, indicando que são espécies distintas.

As espécies foram nomeadas como anaconda verde do norte (Eunectes akayima) e sua variação anaconda verde do sul (E. murinus), vivendo em diferentes bacias fluviais e separadas por uma divisão geográfica de dez milhões de anos. Além disso, o estudo constatou que o que eram consideradas três espécies distintas de anacondas amarelas são, na verdade, variações locais da mesma espécie.

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Importância e próximos passos

A preocupação agora recai sobre a anaconda verde do norte, cuja distribuição é menor e mais afetada pela perfuração de petróleo, desmatamento e secas. Em entrevista ao IFL Science, Fry disse que planeja investigar se a poluição por petróleo tem afetado a fertilidade masculina dessas cobras.

Este estudo representa uma das maiores descobertas de novas espécies deste século e destaca a importância da conservação ambiental na Amazônia. A pesquisa também beneficia o povo Waorani, que luta contra a perfuração de petróleo em suas terras.

Fry considera essa descoberta o maior feito de sua carreira, dada a magnitude da descoberta e sua relevância ambiental. O estudo está disponível em acesso aberto na revista MDPI Diversity.