Conforme noticiado pelo Olhar Digital, um satélite da Agência Espacial Europeia (ESA), que ficou 16 anos em operação na órbita baixa da Terra, vai “cair” no planeta nesta quarta-feira (21).

Vamos entender:

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  • Um satélite europeu alcançou o término de sua vida útil em 2011;
  • A espaçonave foi então aposentada pela ESA, que iniciou o processo de deórbita;
  • Ao longo dos anos, o satélite ERS-2 vem executando uma série de manobras nesse sentido;
  • A agência previa que ele cairia na Terra na quinta-feira, mas as estimativas foram adiantadas.

Segundo o Departamento de Operações da ESA, a reentrada da espaçonave ERS-2 (sigla para “segundo satélite europeu de teledetecção”) será às 12h41 (pelo horário de Brasília). A margem de erro é de 1h44min para mais ou para menos, segundo o relatório de monitoramento.

Na noite de terça-feira (20), uma câmera do Centro de Observação da Terra da ESA localizada nos arredores de Roma capturou imagens do satélite passando sobre a área. No vídeo, é possível ver o sobrevoo em velocidade real e desacelerada para 25% dessa velocidade (o satélite entrou e saiu do quadro em 166 quadros a 100fps, o que é muito rápido – em torno de um segundo e meio).

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Como a reentrada não pode ser controlada (por isso é chamada de “natural”), a previsão de quando o satélite atingirá o planeta não é precisa e vai se tornando mais fiel conforme ele se aproxima. 

“Essa incerteza é em grande parte o resultado de como é difícil prever a densidade do ar pelo qual o satélite está passando”, diz o comunicado de atualização da ESA. “A densidade atmosférica determina a força do arrasto que faz com que a órbita do ERS-2 decaia, mas nossa capacidade de prevê-la é limitada pelo quão bem podemos modelar nossa atmosfera muito complexa e pelas condições climáticas espaciais atuais”.

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A agência estima que o maior fragmento do satélite de mais de duas toneladas que poderia chegar ao solo seria de cerca de 52 kg (peso aproximado de uma geladeira), e as chances de um pedaço cair na cabeça de alguém é de uma em um bilhão. Considerando que 71% da superfície da Terra é água, é provável que o que sobrar da queima na atmosfera mergulhe em algum dos oceanos do globo.

No horário previsto atual de reentrada, a espaçonave estará localizada aproximadamente 80 km acima do marcador vermelho do mapa abaixo, rotulado COIW (sigla em inglês para “janela central de impacto”).

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Mapa de monitoramento do satélite ERS-2. Crédito: ESA

“É aqui que esperamos que o satélite comece a se romper”, diz a ESA. “A grande maioria do satélite queimará, e quaisquer pedaços que sobreviverem serão espalhados um pouco aleatoriamente por uma trilha terrestre em média de centenas de quilômetros de comprimento e algumas dezenas de quilômetros de largura (razão pela qual os riscos associados são muito baixos).

Satélite desativado da ESA deixa legado para futuras espaçonaves

O satélite ERS-2 foi lançado em 1995, com a função de coletar dados cruciais sobre mudanças climáticas e o meio ambiente. A espaçonave é equipada com uma variedade de instrumentos avançados, como radar de abertura sintética, altímetro de radar e sensores para medir temperatura da superfície oceânica e ventos marítimos – tendo proporcionado uma visão sem precedentes da Terra.

Além disso, sua capacidade de monitorar desastres naturais, como inundações e terremotos, foi fundamental para alertar e ajudar comunidades em todo o mundo em momentos críticos ao longo dos anos.

Com o término de sua vida útil em 2011, a ESA iniciou o processo de aposentadoria do ERS-2, preparando-o para seu último grande ato: reentrar na atmosfera terrestre e se desintegrar. Esse procedimento é importante para garantir que o satélite não se torne lixo espacial, reduzindo assim os riscos de colisões com outros objetos em órbita.

O legado do ERS-2 vai além dos dados que coletou. Ele pavimentou o caminho para o desenvolvimento de futuras missões espaciais, fornecendo tecnologias e conhecimentos essenciais para satélites meteorológicos, missões de pesquisa científica e outros programas de observação da Terra.

Seu radar, por exemplo, foi um precursor dos sistemas usados em missões como o satélite Copernicus Sentinel-1, enquanto seu altímetro de radar ajudou a influenciar o sensor da missão CryoSat Earth Explorer, crucial para mapear mudanças na espessura do gelo polar.

É importante reconhecer o papel vital desse satélite europeu desativado na ampliação de nosso entendimento sobre a Terra e as mudanças do planeta. Seu legado continuará a inspirar e informar futuras gerações de cientistas e pesquisadores, à medida que enfrentamos os desafios ambientais da atualidade.