Famoso fóssil de lagarto foi forjado, apontam paleontólogos

Fóssil era considerado o espécime animal mais antigo já encontrado, mas equipe descobriu que seus tecidos foram forjados com tinta
Por Ana Julia Pilato, editado por Bruno Capozzi 22/02/2024 01h20, atualizada em 01/03/2024 11h32
tridentinosaurus
(Imagem: Museo della Natura e dell'Uomo - Padova)
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Paleontólogos descobriram que um fóssil de lagarto de 280 milhões de anos considerado por décadas como um dos mais bem preservados dos Alpes italianos no período Permiano (entre 299 e 252 milhões de anos atrás) foi forjado. De acordo com a equipe, o que se acreditava ser pele carbonizada era apenas uma impressão de corpo esculpido em forma de lagarto e coberto com tinta preta.

Entenda:

  • Um fóssil de lagarto de 280 milhões de anos – considerado a múmia animal mais antiga já encontrada – possui partes falsificadas;
  • A descoberta foi feita por uma equipe de paleontólogos que buscavam solucionar alguns mistérios sobre o réptil, que nunca havia sido detalhadamente examinado;
  • Como constatado pelos cientistas, o que parecia ser tecido mole era, na verdade, apenas tinta preta feita com ossos de animais;
  • Apesar do tecido artificial, o fóssil não é inteiramente falso: a equipe acredita que os ossos dos membros posteriores e as escamas ósseas sejam genuínas;
  • A descoberta foi publicada na revista Palaeontology.

Descoberto nos Alpes italianos em 1931, o espécime foi denominado cientificamente de Tridentinosaurus antiquus. Considerado a múmia animal mais antiga encontrada até então, o fóssil nunca havia sido detalhadamente examinado. Os cientistas buscavam solucionar alguns mistérios acerca do réptil e descobriram que o que deveria ser tecido mole era tinta feita de ossos de animais. Um artigo foi publicado na revista Palaeontology.

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O fóssil não é inteiramente falso

Luz UV mostrou que não havia tecido mole no fóssil. (Imagem: Valentina Rossi, CC BY-NC-ND)

Apesar do tecido criado artificialmente, o espécime não é inteiramente falso. Em um artigo publicado no The Conversation, Valentina Rossi, autora principal do estudo, explica: “Os ossos dos membros posteriores, em especial os fêmures, parecem genuínos. Também encontramos algumas escamas ósseas minúsculas (chamadas osteodermas, como as escamas dos crocodilos) preservadas no que talvez fosse o dorso do animal.”

Valentina ainda diz que as circunstâncias por trás da falsificação permanecem desconhecidas. Porém, sabe-se que ela ocorreu antes de 1959, data da descrição científica oficial do fóssil.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.