Pessoas da comunidade LGBTI+ tem menos acesso à internet e, quando têm, estão mais sujeitas ao assédio online. Isso ó que diz um novo relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais (ILGA), que alega ser a primeira organização global a realizar estudos sobre a exclusão digital para a comunidade.

Leia mais:

publicidade

Acesso de pessoas LGBTI+ à internet

O relatório da Associação analisou a exclusão digital da comunidade (o acesso desigual a dispositivos que se conectam à internet e à rede).

A pesquisa diz que, apesar do espaço online ser um lugar revolucionário na liderança de movimentos sociais, também é um “ciclo vicioso” para a comunidade LGBTI+ (como a própria organização nomeia) do mundo inteiro.

publicidade

Conforme divulgou o Euronews, aqueles que sofrem com a exclusão digital não conseguiam acessar informações importantes relacionadas à saúde e nem formar uma rede de apoio online. Segundo um dos participantes do estudo, de Uganda, o acesso à internet é fundamental nesse ponto.

O acesso a uma comunidade é o que dá força à maioria de nós. Saber que você não é o único e que há outra pessoa trabalhando ao seu lado nesta jornada é de onde extraímos a maior parte da nossa força, especialmente como líderes.

Participante não identifica do estudo, da Uganda

De acordo com Daniele Paletta, gestora de comunicações da ILGA, a exclusão digital também afeta na hora de pesquisar e tomar conhecimento de legislações e mecanismos de proteção, principalmente considerando que 61 estados membro da Organização das Nações Unidas ainda criminalizam relações homoafetivas.

publicidade
Imagem mostra um cubo de madeira com um coração nas cores do arco-íris colocado em cima de um teclado de notebook
Imagem: Jakub Krechowicz – Shutterstock

Ciclo vicioso

Para Paletta, a questão da falta de acesso é um “ciclo vicioso”: aqueles que não tem acesso à educação devido à discriminação pela orientação sexual têm mais dificuldades em conseguir se conectar a internet (ou os dispositivos para isso).

Isso, por sua vez, dá menos oportunidades de acesso ao ensino superior e emprego, aumentando a probabilidade de viverem na pobreza.

publicidade

Além disso, muitos dos participantes do estudo vivem em zonas rurais e precisam se locomover para conseguir se conectar, o que pode aumentar os riscos de exposição, principalmente em países que condenam orientações sexuais.

X (ex-Twitter)
X/Twitter é uma das plataformas citadas no estudo com falhas na moderação de conteúdo (Imagem: sdx15/Shutterstock)

Assédio online e moderação de conteúdo na internet

  • Para além das dificuldades do acesso à internet, os membros da comunidade LGBTI+ têm mais preocupações sobre o assédio online. De acordo com o participantes da Uganda, a maioria dessas ocorrências acontece nas redes sociais;
  • Para ele, o problema é que as plataformas não levam a moderação de conteúdo a sério e não fazem seu trabalho de forma eficaz;
  • Em maio do ano passado, o Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO) já havia reportado que a desinformação contra a comunidade LGBTI+ estava aumentando e muitas vezes “incitam ao ódio contra minorias, leis e instituições”;
  • Os participantes do estudo atual reportam que, mesmo que as plataformas aceitem denúncias, muitas vezes demoram para responder e não param de usá-las porque não há alternativas de redes sociais relevantes à altura.