Pandemia prejudicou diagnósticos de câncer nos EUA, diz pesquisa

Pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Kentucky; segundo eles, subnotificação supera os 134 mil casos no período
Bob Furuya23/02/2024 16h23
Paciente com câncer
Imagem: Ground Picture / Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Um novo estudo feito nos Estados Unidos mostra como a Covid-19 prejudicou o combate ao câncer no país.

O trabalho é de autoria de cientistas da Universidade de Kentucky. Segundo eles, mais de 134 mil casos da doença não foram diagnosticados durante os 10 primeiros meses de pandemia, ainda em 2020.

O relatório consta na revista científica JAMA Oncology e fornece as primeiras estimativas nacionais sobre a subnotificação da doença naquele período.

Leia mais

Os pesquisadores utilizaram informações públicas de anos anteriores e seguintes a 2020 para chegar a uma média de novos registros. Na sequência, traçaram uma comparação com os dados oficiais daquele ano e chegaram a essa diferença expressiva de 134 mil casos.

Os médicos já esperavam um impacto, mas não desse tamanho. Pelo recorte abranger apenas os 10 primeiros meses de 2020, a expectativa é de que o estrago tenha sido ainda maior.

Tempo perdido

  • É importante destacar que os cientistas não criticaram as medidas de isolamento social, que foram muito importantes à época.
  • A decisão, no entanto, impactou outras áreas.
  • De acordo com a doutora Krystle Lang Kuhs, principal autora do artigo, os pacientes com câncer estão entre os mais prejudicados, principalmente aqueles que não sabiam que tinham a doença.

“Quanto mais tempo o câncer permanecer sem ser detectado, menores serão as chances de resultados positivos para os pacientes. Cada detecção perdida é uma oportunidade perdida de vencer o câncer em seu estágio mais tratável”, disse ela.

  • O estudo indica que os tipos de câncer que mais tiveram subnotificação no período foram: o de próstata, de mama e o de pulmão.
  • A médica afirma que o seu artigo científico deve servir para que as autoridades intensifiquem o rastreio do câncer e acompanhem a situação das pessoas que tiveram o diagnótico tardio.
  • A doutora defendeu ainda a realização de novas pesquisas sobre períodos maiores, além dos 10 meses estudados por ela.

As informações são do site Medical Xpress.

Pesquisas parecidas no Brasil

Como já dissemos neste texto, era esperada uma alta nos diagnósticos perdidos de câncer durante esse período. O estudo citado acima faz referência apenas aos Estados Unidos. Mas sabemos que o problema também afetou outros países.

No caso do Brasil, algumas pesquisas apontaram para o mesmo resultado: uma subnotificação gigantesca.

Segundo um artigo assinado por cientistas da Universidade Federal do Paraná, em 2020, houve uma redução de 41% na taxa de cobertura do rastreamento de câncer de mama. Os pesquisadores chegaram a esse número analisando informações sobre mamografias realizadas em mulheres entre 50 e 69 anos de idade.

Um outro estudo parecido foi feito pela Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco – e os pesquisadores chegaram à mesma conclusão.

Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde, o Brasil deve registrar uma média de 704 mil casos novos de câncer para cada ano do triênio entre 2023 e 2025. As regiões Sul e Sudeste serão as mais atingidas.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.