Um novo estudo feito nos Estados Unidos mostra como a Covid-19 prejudicou o combate ao câncer no país.

O trabalho é de autoria de cientistas da Universidade de Kentucky. Segundo eles, mais de 134 mil casos da doença não foram diagnosticados durante os 10 primeiros meses de pandemia, ainda em 2020.

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O relatório consta na revista científica JAMA Oncology e fornece as primeiras estimativas nacionais sobre a subnotificação da doença naquele período.

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Os pesquisadores utilizaram informações públicas de anos anteriores e seguintes a 2020 para chegar a uma média de novos registros. Na sequência, traçaram uma comparação com os dados oficiais daquele ano e chegaram a essa diferença expressiva de 134 mil casos.

Os médicos já esperavam um impacto, mas não desse tamanho. Pelo recorte abranger apenas os 10 primeiros meses de 2020, a expectativa é de que o estrago tenha sido ainda maior.

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Tempo perdido

  • É importante destacar que os cientistas não criticaram as medidas de isolamento social, que foram muito importantes à época.
  • A decisão, no entanto, impactou outras áreas.
  • De acordo com a doutora Krystle Lang Kuhs, principal autora do artigo, os pacientes com câncer estão entre os mais prejudicados, principalmente aqueles que não sabiam que tinham a doença.

“Quanto mais tempo o câncer permanecer sem ser detectado, menores serão as chances de resultados positivos para os pacientes. Cada detecção perdida é uma oportunidade perdida de vencer o câncer em seu estágio mais tratável”, disse ela.

  • O estudo indica que os tipos de câncer que mais tiveram subnotificação no período foram: o de próstata, de mama e o de pulmão.
  • A médica afirma que o seu artigo científico deve servir para que as autoridades intensifiquem o rastreio do câncer e acompanhem a situação das pessoas que tiveram o diagnótico tardio.
  • A doutora defendeu ainda a realização de novas pesquisas sobre períodos maiores, além dos 10 meses estudados por ela.

As informações são do site Medical Xpress.

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Pesquisas parecidas no Brasil

Como já dissemos neste texto, era esperada uma alta nos diagnósticos perdidos de câncer durante esse período. O estudo citado acima faz referência apenas aos Estados Unidos. Mas sabemos que o problema também afetou outros países.

No caso do Brasil, algumas pesquisas apontaram para o mesmo resultado: uma subnotificação gigantesca.

Segundo um artigo assinado por cientistas da Universidade Federal do Paraná, em 2020, houve uma redução de 41% na taxa de cobertura do rastreamento de câncer de mama. Os pesquisadores chegaram a esse número analisando informações sobre mamografias realizadas em mulheres entre 50 e 69 anos de idade.

Um outro estudo parecido foi feito pela Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco – e os pesquisadores chegaram à mesma conclusão.

Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde, o Brasil deve registrar uma média de 704 mil casos novos de câncer para cada ano do triênio entre 2023 e 2025. As regiões Sul e Sudeste serão as mais atingidas.