* Por Fernando Moulin, partner da Sponsorb, empresa boutique de business performance, professor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente.

O ano de 2023 foi marcado por uma série de movimentações significativas no cenário das gigantes de tecnologia, as chamadas big techs. Amazon, Apple, Alphabet (a controladora do Google), Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla enfrentaram desafios inesperados e muitas estratégias tiveram de ser repensadas no meio do caminho, influenciando não apenas seus modelos de negócios, mas também o panorama tecnológico como um todo. Afinal, elas ditam o ritmo das próximas inovações em boa parte do planeta e, claro, têm significativa relevância na economia global.  

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Crises e demissões em massa 

O ano passado começou com uma onda de demissões significativas nas big techs (e 2024 até o momento segue o mesmo compasso), especialmente em empresas que tinham forte ligação com o ecossistema de startups ou que tinham crescido significativamente seus quadros de colaboradores durante a pandemia. A crise impactou diversos setores, resultando em cortes de pessoal e desafios financeiros. As demissões em massa sinalizaram uma realidade econômica mais ampla, obrigando as empresas a reavaliarem seus investimentos e estratégias de expansão. 

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Fortalecimento da IA generativa 

Em meio às adversidades, 2023 foi marcado pelo fortalecimento da inteligência artificial generativa, depois do boom causado pelo ChatGPT, da OpenAI, que desempenhou papel crucial nesse avanço. A capacidade de gerar conteúdo autônomo e criativo se consolidou como peça-chave para diversas aplicações, desde assistentes virtuais até a criação de conteúdo multimídia inovador em campanhas publicitárias. De um dia para o outro, inteligência artificial passou a ser o assunto da vez em qualquer evento corporativo, reunião de negócios e até mesmo “roda de bar”. 

Inteligência Artificial
Imagem: Sutthiphong Chandaeng/Shutterstock

Ganhos alavancados 

À medida que o frenesi em torno da IA decolava, é claro que as sete maiores empresas norte-americanas de tecnologia se destacaram no mercado acionário. Da Nvidia à Microsoft, elas foram responsáveis por 64% da alta do S&P 500 em 2023 e devem apresentar um crescimento de lucro de 22% no próximo ano, o dobro do avanço do S&P 500, mostram dados compilados pela Bloomberg Intelligence. 

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Sobretudo, vale destacar também que nenhuma empresa se valorizou mais do que a Nvidia em 2023, justamente por fornecer toda a infraestrutura para o desenvolvimento de IA globalmente, ou seja, os investidores estão percebendo a importância desse setor para o futuro da economia e apostaram massivamente nas empresas que estão construindo a base dessa transformação. Em menos de oito meses, a companhia mais do que triplicou seu valor na bolsa e superou a marca de US$ 1 trilhão. 

Imagem mostra parcialmente a tela de uma bolsa de valores, exibindo números de investimentos
Crédito: Shutterstock

Alianças questionáveis e reviravoltas em cena 

A parceria entre a Microsoft e a OpenAI, com investimentos multibilionários da primeira em jogo, ampliou laços e abriu espaço para mais competição com a rival Google, da Alphabet. A colaboração em cena ainda gerou debates sobre o controle da tecnologia de IA, em paralelo a todas as múltiplas discussões surgidas em diversos países sobre implicações éticas, políticas de controle e gestão da IA, autorregulamentação e afins.

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De qualquer forma, trata-se de uma aliança que ainda promete muitas repercussões, já que está prestes a ser alvo de uma investigação por parte da União Europeia. A Comissão Europeia avaliará se a relação entre as duas empresas se encaixa na regulação sobre fusões. Essas investigações não surgem por acaso.

Após Sam Altman ser demitido e reposto no cargo de CEO da OpenAI, a Microsoft ganhou uma cadeira no conselho e ficará mais próxima das decisões da organização. Sem contar sua participação como investidora relevante na empresa, e todas as integrações da suíte Microsoft de produtos com as soluções da OpenAI. 

sam altman
(Imagem: jamesonwu1972/Shutterstock)

Meta se reposicionando 

Anteriormente conhecida como Facebook, a Meta passou por uma fase de reposicionamento em 2023. A ênfase foi deslocada para o metaverso e a realidade virtual, indicando mudanças estratégicas para se adaptar às tendências em cena e explorar novas oportunidades no mundo digital.

Além disso, a monetização do WhatsApp abriu novos horizontes, com produtos para contas empresariais e recursos que favorecem mais interações entre usuários, e claro, novas fontes de receita para a empresa. A base de usuários do Instagram se manteve ativa a despeito do crescimento do TikTok, e a empresa teve um ano bem menos complexo que períodos anteriores. 

O futuro 

A Gartner já identificou as 10 tendências tecnológicas estratégicas para 2024, que devem influenciar muitas decisões de negócios nos próximos três anos, principalmente ditadas pelas gigantes em pauta e pelas empresas chinesas. Elas vão desde a democratização da IA generativa, passando pelo gerenciamento contínuo de exposição a ameaças, até chegar ao avanço das plataformas de nuvem da indústria. 

Portanto, fica claro que a adaptação contínua às mudanças do cenário tecnológico segue como prioridade dentro e fora de grandes organizações. A colaboração estratégica, o investimento em inovação e a resposta eficaz às tendências emergentes são pontos centrais. À medida que a inteligência artificial se torna mais proeminente, todos devem se preparar para navegar nesse oceano inexplorado dos dados buscando oportunidades e enfrentando desafios com maestria.