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Usar IA para atacar adversário pode custar mandato, diz Alexandre de Moraes

O candidato que utilizar inteligência artificial (IA) para atacar adversários nas eleições terá seu registro de candidatura cassado – ou, caso já tenha sido eleito, perderá seu mandato. É o que disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, na quarta-feira (28).

Para quem tem pressa:

  • O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, anunciou que candidatos que usarem inteligência artificial para atacar adversários nas eleições poderão ter seus registros cassados ou perder o mandato, se já eleitos;
  • O ministro fez referência às eleições na Argentina, nas quais deepfakes foram usados para difamar candidatos, para exemplificar os riscos e potenciais danos de tais práticas nas democracias;
  • Após a aprovação de novas regras pelo TSE, o uso de deepfakes é proibido, enquanto o de IA generativa é permitido desde que identificado claramente, e o uso de chatbots em campanhas é limitado. As regras valem para as eleições municipais de 2024.

Aqueles candidatos que desrespeitarem a normatização e utilizarem a inteligência artificial negativamente para prejudicar seus opositores e deturpar o sentido das informações buscando ganhar as eleições, a sanção será a cassação do registro e, se já tiverem sido eleitos, a cassação do mandato.

Ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE

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(Imagem: Antonio Augusto/Ascom/TSE)

O ministro também citou as eleições da Argentina, na qual deepfakes foram usados para enganar eleitores. Para você ter uma ideia, um deles simulou o então candidato Sérgio Massa usando droga, conforme repercutido pelo UOL. Massa perdeu para Javier Miliei no pleito argentino.

A fala de Moraes veio um dia após o TSE aprovar regras sobre o uso de IA nas eleições municipais de 2024. Em suma, o Tribunal proibiu o uso de deepfakes (imagens realistas de pessoas produzidas com IA), permitiu o uso de IA generativa (desde que claramente sinalizada) e limitou o uso de chatbots nas campanhas.

(Imagem: Carlos Moura/SCO/STF)

A ministra Cármen Lúcia, que presidirá o TSE nas eleições deste ano, foi a relatora dos processos. O ministro Alexandre de Moraes, deixará a Corte em junho. “É um grande passo na defesa da verdadeira liberdade de expressão”, disse Moraes em relação às resoluções aprovadas pelo TSE.

Após as discussões sobre o tema, a ministra disse que as resoluções não só brecam o uso de inteligência artificial nas eleições, mas também marcam uma iniciativa de regulamentação das redes na disputa eleitoral.

Estamos trabalhando no mundo de hoje. Então, o que posso lhe dizer, à maneira de [Carlos] Drummond, que disse: ‘Não serei o poeta de um mundo caduco’, é que também eu não serei juíza de um mundo caduco.

Ministra Cármen Lúcia, futura presidente do TSE

Esta post foi modificado pela última vez em 29 de fevereiro de 2024 09:17

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Publicado por
Pedro Spadoni