O lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, iniciou nova era na forma como interagimos com a tecnologia – em especial, com a inteligência artificial (IA) –, mas os chatbots não são exatamente novidade.
A primeira invenção desse tipo surgiu na década de 1960: a Eliza foi criada para responder perguntas dos usuários, mas tinha truques por trás disso. Desde então, muito mudou, mas a relação humanos-tecnologia permanece, essencialmente, a mesma.
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Primeiro chatbot do mundo
O primeiro chatbot do mundo nasceu em 1966, quando o professor do MIT, Joseph Weizenbaum, construiu a Eliza.
Em 1955, ele publicou em jornal acadêmico que a Eliza “torna possíveis certos tipos de conversa em linguagem natural entre homem e computador”. Então, ele configurou a ferramenta para conversar como se fosse um terapeuta, com o qual as pessoas poderiam desabafar sobre assuntos profundos.
No entanto, a década era 1960 e, para funcionar, a Eliza tinha alguns truques. Quando os usuários mandavam mensagem ao chatbot, a ferramenta selecionava uma série de respostas predefinidas com base em palavra-chave daquela pergunta ou afirmação (tudo para fazer a conversa continuar acontecendo). Na essência, a Eliza não dizia nada, apenas repetia o que foi dito mudando a ordem para dar a entender que se tratava de uma conversa.
O The Verge exemplificou: se o usuário enviasse “meu pai é o problema”, a Eliza respondia com “seu pai é o problema”.
Relação humano-máquina
A Eliza pode parecer uma farsa, mas, na época, funcionou. No ano seguinte, Weizenbaum escreveu outro artigo, dessa vez, relatando como as pessoas realmente acreditavam que havia um ser humano por trás do chatbot.
A mensagem por trás? Os humanos anseiam por uma conexão, nem que seja com uma máquina. Além disso, a partir do momento em que enxergam características minimamente humanas nos chatbots ou outras tecnologias (nem que seja as próprias palavras em ordem trocada), passam a tratá-la com mais simpatia e compreensão, inclusive se dispondo a corrigi-la se ela estiver errada. Quem nunca disse “obrigada” à Alexa?
Inicialmente, o problema das tecnologias chatbots era a complexidade em criá-las e mantê-las. Por exemplo, um chatbot da Xerox PARC, da década de 1970, ajudava pessoas a reservar passagens aéreas, mas era tão lento e caro de operar que caiu em desuso.
O problema foi resolvido ao longo das décadas e as tecnologias se tornaram mais populares, mas a relação entre humano-máquina (esta última, cada vez mais avançada) não mudou. Não demorou para isso ser incorporado no dia-a-dia e nos filmes de ficção científica. O computador de “Star Trek”, o famoso HAL 9000 de “2001: Uma Odisseia no Espaço” e Jarvis, fiel companheiro do Homem de Ferro são só alguns exemplos de máquinas que falam e que são tratadas como humanos.
Novos chatbots
- Siri, Alexa e Bixby são apenas alguns dos exemplos que chegaram posteriormente prometendo a mesma coisa: falar com o usuário “como um ser humano” e ajudá-lo no dia a dia;
- A IA mudou parte disso e atualizou o que os chatbots podem fazer. ChatGPT, Claude, Copilot e Gemini: todos têm intenções e habilidades relativamente semelhantes, mas o cerne da questão ainda é criar conexão com o usuário que o faça acreditar que realmente está sendo ajudado;
- Por exemplo, a Microsoft quer que o Copilot seja “seu companheiro de IA do dia-a-dia”. A marca não é a única a tentar convencê-lo de que a tecnologia merece sua afeição (mas, cá entre nós, quantas vezes você pediu para o Google Assistant ou qualquer outra assistente inteligente reservar uma passagem para você?);
- Ou seja, o futuro dos chatbots pode realmente ser o que Joseph Weizenbaum propôs: apenas um vínculo de conexão humano.