Depois da crise dos balões espiões, no ano passado, Estados Unidos e China voltaram a se estranhar diplomaticamente nos últimos dias. As duas principais potências do mundo ocupam, naturalmente, um papel de destaque na geopolítica.
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No dia 29 de fevereiro, a Casa Branca emitiu um comunicado sobre supostos riscos de segurança que a indústria automobilística americana estaria correndo.
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O governo do democrata anunciou que iria investigar os perigos representados pelos carros inteligentes fabricados pelos chineses. No texto, a Casa Branca afirma, sem apresentar provas, que esses veículos poderiam “recolher dados sensíveis sobre os nossos cidadãos e a nossa infraestrutura e enviar esses dados de volta à República Popular da China”.
EVs em foco
- A declaração do governo americano não menciona explicitamente os carros elétricos chineses, mas o comunicado, obviamente, se refere a eles.
- Pequim assumiu uma posição de destaque nesse segmento.
- Empresas como a BYD fabricam EVs de qualidade e a preços extremamente acessíveis, tirando o sono não só de governos, como também de alguns empresários bilionários, como Elon Musk.
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- Os mais catastrofistas projetam que uma expansão chinesa pela América poderia significar o fechamento de fábricas e a perda de milhares de empregos.
- Esse é o fator econômico da história – e ele nunca foi segredo para ninguém.
- A Casa Branca também cita o lado da segurança, o que também não é nenhuma novidade.
- Vários aplicativos chineses, como o TikTok e o WeChat já passaram por situações (e acusações) parecidas.
- A grande diferença desse comunicado (e que o texto não aborda) é a política.
- O provável candidato republicano Donald Trump vem criticando esses carros em vários de seus discursos.
- Ele já prometeu até impor uma tarifa de 60% sobre os produtos importados chineses.
- As pesquisas mostraram um reação positiva de alguns eleitores.
- Biden teve de correr atrás.
A China acompanha – de longe
Para o analista automotivo e observador da indústria de veículos elétricos, Lei Xing, o comunicado da Casa Branca é política de qualidade duvidosa:
“[O texto] Está cheio de declarações subjetivas e imprecisas que tentam pintar um quadro de ameaças e riscos à segurança que é muito maior do que realmente é, e visa obviamente ganhar o voto dos eleitores à medida que a corrida eleitoral presidencial esquenta”, disse ele ao MIT Technology Review.
O governo da China ainda não se manifestou oficialmente sobre essa acusação. E talvez nem o faça. As próprias marcas chinesas prejudicadas estão adotando uma posição cautelosa, acompanhando a situação à distância.
Depois do que aconteceu com a Shein, a Temu, o TikTok e o WeChat, as outras marcas chinesas estão cientes das dificuldades de entrar no mercado americano.
![TikTok](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2023/12/TikTok-1024x769.jpg)
Recentemente, a CEO da Byd para as Américas, Stella Li, disse que a empresa está mais interessada neste momento em investir no Brasil e no México do que no mercado americano.
Outras marcas orientais devem seguir esse mesmo comportamento – algo que deve durar por um bom tempo, pelo menos até o fim da animosidade política.
Não conseguir vender no segundo maior mercado de automóveis do mundo não é uma boa notícia, mas, por outro lado, eles têm muitos clientes potenciais na Europa, na América Latina e no Sudeste Asiático.
A frase é um grande clichê, mas cabe nesse contexto: o futuro só o tempo dirá. E dependerá bastante do resultado da eleição de novembro.
As informações são do MIT Technology Review.