A Boeing virou alvo de uma investigação criminal após um avião do modelo 737 Max 9, operado pela Alaska Airlines, perder o painel em pleno voo no dia 5 de janeiro deste ano. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos apura as responsabilidades da empresa fabricante de aeronaves no caso.

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Essa não é a primeira vez que a Boeing entra no radar do Departamento de Justiça dos EUA. A entidade está revisando um acordo de 2021 de uma acusação criminal federal contra a empresa, após dois acidentes envolvendo modelos do Boeing 737 Max 8, que mataram 346 pessoas. Em outubro de 2018, um modelo da aeronave comprado pela Lion Air caiu na Indonésia, sem causa aparente. Cinco meses depois, outro 737 Max, agora operado pela Ethiopian Airlines, caiu na Etiópia.

No acordo, a Boeing se comprometeu a pagar mais de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 12,5 bilhões), a maior parte em forma de compensação a seus clientes. Em troca, o governo dos EUA concordou em retirar a acusação de que a companhia havia enganado a Administração Federal de Aviação ao omitir informações relevantes para a aprovação do 737 Max 8.

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O compromisso firmado entre as partes foi bastante criticado por não ter consultado as famílias das vítimas dos acidentes. O modelo foi proibido de voar por 20 meses e só retomou o serviço no final de 2020. Desde então, foi usado em milhões de voos, até o caso do último dia 5 de janeiro. As informações são da Folha de São Paulo.

Boeing não se pronunciou sobre abertura de investigação criminal (Imagem: VDB Photos/Shutterstock)

Relembre o caso

  • O avião da Alaska Airlines tinha decolado do aeroporto de Portland, na noite do dia 5 de janeiro.
  • Quando estava a 4.975 metros do chão, uma das portas – que fica no meio da aeronave – foi ejetada.
  • Isso abriu buraco na fuselagem, o que despressurizou a cabine do Boeing.
  • Máscaras de emergência caíram e os pilotos da aeronave precisaram realizar uma manobra de emergência para descer até uma altitude abaixo de três mil metros, na qual é possível respirar sem auxílio de equipamentos.
  • Apesar do susto, nenhum dos 171 passageiros e seis tripulantes a bordo se feriu.
  • O lugar ao lado da porta ejetada não estava ocupado.
  • Se estivesse, o passageiro poderia ser sugado para fora do avião, por conta da pressão atmosférica externa.
  • A porta do avião acabou sendo encontrada no quintal da casa de um professor em Portland três dias depois.

Veja como ficou o avião:

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Investigação encontrou peças soltas nos aviões

Após o episódio, uma investigação foi aberta e uma inspeção dos 171 aviões do modelo ao redor do mundo foi exigida pela Administração de Aviação Federal dos Estados Unidos. Outra apuração, dessa vez do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, sugeriu que o avião pode ter saído da fábrica da Boeing sem a tampa parafusada.

A tampa da porta teria sido aberta em setembro do ano passado na fábrica da Boeing em Renton, Washington, para reparar rebites danificados na fuselagem do avião. Os rebites são muito usados para unir e fixar peças em aviões. O pedido para abrir a tampa veio de funcionários que trabalham para a Spirit AeroSystems, empresa responsável por montar a tampa da porta.

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De acordo com o documento, em 18 de setembro, um mecânico da Spirit AeroSystems foi designado para começar o trabalho de reparo dos rebites, e a tampa da porta estava sendo aberta para que os reparos pudessem ser feitos. Os trabalhos foram concluídos dois dias depois e a aprovação foi dada para fechar a porta novamente.

O documento não informa quem foi designado para reinstalar a tampa da porta ou se houve a inspeção após a troca da peça. Também não contém nenhuma outra informação sobre quais funcionários da Boeing estavam envolvidos na remoção e substituição da tampa da porta.