Um dos grandes desafios da aviação é reduzir os impactos ambientais dos voos. O setor é responsável por cerca de 2% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) e assumiu a promessa de zerar as emissões até 2050. Segundo um novo estudo, redirecionar as rotas de algumas viagens pode ter grandes resultados neste sentido, além de não exigir enormes gastos das empresas.

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“Rastro” deixado por aviões é prejudicial ao meio ambiente (Imagem: Zadiraka Evgenii/Shutterstock)

Menos aviões circulando numa mesma região

Durante as viagens, os aviões liberam calor, vapor de água e outras substâncias que podem produzir nuvens finas no céu, conhecidas como “contrails”, em partes particularmente frias, úmidas e geladas da atmosfera. Se o número de aeronaves passando pela mesma região for significativo, esses rastros de condensação podem evoluir e formar nuvens cirrus, que absorvem a radiação da superfície.

Esse fenômeno pode representar cerca de 35% de todo o impacto ambiental da aviação. Segundo pesquisadores, isso corresponde a cerca de 1% a 2% do aquecimento global total da Terra.

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O mais impressionante é que uma pequena fração dos voos totais, entre 2% e 10%, cria cerca de 80% dos contrails. Isso significa que o simples redirecionamento de alguns voos pode reduzir significativamente estes impactos.

Nos últimos meses, a Breakthrough Energy, Google Research e American Airlines usaram imagens de satélite, dados meteorológicos, modelos de software e ferramentas de previsão de inteligência artificial para orientar os pilotos sobre as áreas onde os aviões provavelmente produziriam contrails. Foram 70 voos de teste ao longo de seis meses. Os resultados apontam uma redução no comprimento total dos contrails em 54%.

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Apesar de promissora, a iniciativa de redirecionar voos (mesmo que apenas alguns) exigiria um aumento de gastos por parte das empresas aéreas. Por exemplo, seria necessário mais combustível durante as viagens (o que também pode representar mais emissões de gases de efeito estufa, dependendo do caso). As informações são do MIT Technology Review.

Redirecionamento de rotas tem custo pequeno (Imagem: Chaykovsky Igor/Shutterstock)

Custo necessário para redirecionar os voos

  • Um novo estudo publicado na revista Environmental Research: Infrastructure and Sustainability calculou os impactos financeiros da otimização das trajetórias de voo.
  • Os pesquisadores simularam quase 85 mil voos da American Airlines, domésticos e internacionais, sob várias condições climáticas.
  • O trabalho apontou que a redução do efeito de aquecimento dos contrails foi de 73%, enquanto o aumento dos custos de combustível foi de apenas 0,11% e dos custos gerais de 0,08%.
  • Apenas cerca de 14% dos voos precisaram ser redirecionados para atingir estes resultados.
  • Isso confirma que a inciativa pode ajudar na luta contra o aquecimento global e que não exige grandes sacrifícios financeiros.
  • Mesmo assim, os cientistas lembram que isso não vai resolver todo o problema.
  • A adoção de combustíveis sustentáveis e o desenvolvimento de aeronaves elétricas ou movidas a hidrogênio são outras alternativas que precisam ser implementadas na tentativa de reverter o atual cenário das emissões.