Não há dúvidas de que os dois maiores predadores marinhos são o tubarão-branco e a orca. Um tira-teima entre os dois, porém, não é fácil de ser feito, já que o peixe e o mamífero não costumam se enfrentar. Ou pelo menos não costumavam.

Uma orca foi filmada atacando um tubarão-branco – e ela não só venceu, como devorou o fígado do animal. O flagrante aconteceu em junho do ano passado, na costa de Mossel Bay, na África do Sul, mas só veio a público agora, no início de março. O ataque foi muito rápido – dura menos de dois minutos.

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Em um vídeo publicado pela Earth Legacy Foundation, é possível ver que a orca, apelidada de Starboard, segura a barbatana esquerda do jovem tubarão, que tinha aproximadamente 2,5 metros. Depois ela avança várias vezes “antes de eviscerá-lo”.

Este é o primeiro vídeo da história que mostra uma orca caçando individualmente um tubarão-branco. A espécie é conhecida por trabalhar em grupo, atacando leões-marinhos e focas, principalmente.

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Um estudo detalhado sobre o caso foi publicado no African Journal of Marine Science pela equipe da pesquisadora Alison Towner, que trabalha na Universidade Rhodes, no país sul-africano.

A bióloga marinha acompanha esse comportamento das orcas na região há muitos anos. Em 2022, por exemplo, ela já havia registrado um ataque parecido – só que eram duas orcas juntas e não uma só.

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Segundo Towner, esse fenômeno vem acontecendo desde 2017 pelo menos.

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Motivo de preocupação

O comportamento da orca chamou a atenção de cientistas do mundo todo. Ao mesmo tempo em que ligou um alerta. Os ataques contra um dos maiores predadores dos mares pode levar a uma diminuição da população deles ou a uma migração.

“O declínio dos tubarões nos oceanos acarreta impactos em cascata nos ecossistemas marinhos devido ao desequilíbrio dos predadores”, explica Alison Towner.

Os tubarões-brancos se alimentam, normalmente, de leões-marinhos, focas, elefantes-marinhos, golfinhos, tartarugas e outros peixes. Se a população deles diminuir, haverá um aumento na quantidade de todas essas espécies – e elas se alimentam também. Ou seja, a população das presas delas vai diminuir, levando a um grande desiquilíbrio. É como uma bola de neve.

“Os pinguins africanos ameaçados de extinção podem enfrentar um aumento da predação por focas-do-cabo – se as focas-do-cabo não estiverem sendo comidas por tubarões-brancos”, exemplificou a bióloga.

À BBC, os cientistas afirmaram ainda que não sabem dizer ao com 100% de certeza o que motiva este comportamento das orcas. Towner ponderou, no entanto, que “as atividades humanas, como mudanças climáticas e a pesca industrial, estão exercendo pressões significativas sobre os oceanos”.

Os especialistas dizem ser necessário continuar investigando as causas.

Imagem: wildestanimal/Shutterstock

Batalha de gigantes

  • Como já dissemos no texto, um tira-teima entre as duas espécies não é tão simples assim de ser feito – embora as orcas sempre saiam vencedoras dos confrontos diretos.
  • O tubarão-branco, porém, leva vantagem em alguns pontos.
  • Uma orca pode medir até oito metros e pesar cerca de nove toneladas.
  • Já o tubarão branco é menor, e pode medir até 6,4 metros e pesar até três toneladas.
  • Por ser mais leve e um peixe, o tubarão leva vantagem na velocidade.
  • Ele nada a 60 km/h e alcança quase 2 mil metros de profundidade.
  • A orca, por sua vez, não passa de 55 km/h e, como precisa subir para respirar, nunca desce a mais de 200 metros.
  • O tubarão também tem mais dentes: impressionantes 3 mil contra apenas 50 da orca.
  • A grande vantagem das orcas é que elas são mais inteligentes: atacam em bandos e são mais resistentes que os peixes.
  • Além disso, elas têm maior capacidade de adaptação e podem viver em todos os oceanos, de todas as partes do mundo.
  • Já os tubarões-brancos preferem águas quentes.

As informações são da BBC.