Uma supernova em uma galáxia próxima a Via Láctea é conhecida por ter em torno de si uma formação que se assemelha a um “colar de pérolas”. Até então não se sabia bem como ela o havia adquirido, mas agora um novo estudo pode ter descoberto.

  • A Supernova 1987A, ou SN 1987A, é o resultado de uma explosão que destruiu uma estrela massiva e deixou para trás uma estrela de nêutrons;
  • Ela está localizada na galáxia da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea, a cerca de 160 mil anos-luz;
  • Ela chama atenção por estar cercada por aglomerados de plasma de hidrogênio brilhante.

Essa estrutura era um mistério para a astrofísica, até que um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Michigan e publicado na revista Physical Review Letters apontou que o colar de pérolas pode estar relacionado com como os rastros são criados, um mecanismo chamado “instabilidade do Crow”.

publicidade
Captura da supernova feita pelo James Webb (Crédito: Telescópio Espacial Hubble WFPC-3/Telescópio Espacial James Webb NIRSpec/J. Larsson)
Captura da supernova feita pelo James Webb (Crédito: Telescópio Espacial Hubble WFPC-3/Telescópio Espacial James Webb NIRSpec/J. Larsson)

Leia mais:

Como o colar de pérolas surgiu entorno da supernova

Não se sabe muito sobre a estrela que originou a supernova e apenas recentemente, com as observações do Telescópio Espacial James Webb este ano, foi possível identificar a existência do remanescente estelar. 

publicidade

No entanto, a teoria quanto aos aglomerados de plasma em seu entorno são de que eles se formaram a partir de processos que aconteceram dezenas de milhares de anos antes da explosão de supernova.

Acredita-se que uma fusão tão forte de duas estrelas acabou retirando hidrogênio de ambas. Quando isso aconteceu, ao mesmo tempo que uma supergigante azul se formava, o hidrogênio escapava para o espaço. Partículas carregadas dos ventos estelares emitidos pela estrela eventualmente colidiram com esse material que se afastava e originou o colar de pérolas.

publicidade
Ilustração mostrandos como o colar de perólas se forma (Crédito: Michael Wadas, Laboratório de Computação Científica e Fluxo, Universidade de Michigan)
Ilustração mostrandos como o colar de perólas se forma (Crédito: Michael Wadas, Laboratório de Computação Científica e Fluxo, Universidade de Michigan)

Isso indica que os aglomerados já existiam ali antes mesmo que o combustível da estrela acabasse e ela sucumbisse.

Para testar a teoria da formação do colar de pérolas, os pesquisadores construíram uma simulação, onde uma nuvem de hidrogênio era empurrada para fora pelo vento estelar enquanto as partículas exerciam uma força de arrasto sobre ela. Isso fez com que a nuvem fosse empurrada para fora mais rapidamente e se enrolasse em si, desencadeando a Instabilidade de Crow e se quebrando para formar grupos iguais, ou “as pérolas”.

publicidade

No modelo, a SN 1987A se dividiu em 32 partes iguais, o que é bastante parecido com os 30 aglomerados de hidrogênio observados na realidade. A simulação também indicou que mais colares de pérolas podem ter se formado em torno da supernova, mas que eles são muito mais fracos.

Acredita-se que possa existir outros colares de perólas em torno da supernova (Crédito: NASA/ESA/CSA/Mikako Matsuura (Universidade de Cardiff)/Richard Arendt (NASA-GSFC, UMBC)/Claes Fransson (Universidade de Estocolmo)/Josefin Larsson (KTH).)
Acredita-se que possa existir outros colares de perólas em torno da supernova (Crédito: NASA/ESA/CSA/Mikako Matsuura (Universidade de Cardiff)/Richard Arendt (NASA-GSFC, UMBC)/Claes Fransson (Universidade de Estocolmo)/Josefin Larsson (KTH).)

Essa nova sugestão é conivente com uma captura da supernova feita pelo James Webb em 2023, sugerindo que a SN 1987A pode ser mais adornada do que imaginamos.