Pesquisadores construíram um novo mapa da região central da Via Láctea que levou quatro anos para ficar pronto. O mapeamento revelou detalhes nunca observados e a relação entre o campo magnético e a poeira fria da região.

O estudo foi liderado por pesquisadores da Universidade Villanova e faz parte de um projeto financiado pela NASA. O objetivo era entender melhor a Via Láctea e o lugar da Terra nela. Além disso, a pesquisa também permite entender a forma com que a poeira e os campos magnéticos interagem nos centro de outras galáxias.

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Via Láctea
Cientistas apontam que existem entre 10 e 50 bilhões de mundos potencialmente habitáveis ​​na Via Láctea. (Crédito: Antares_StarExplorer/Shutterstock)

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A poeira no centro da Via Láctea

O centro da galáxia e o espaço interestelar é cheio de poeira, responsável pelos blocos de formação das galáxias, estrelas e planetas. Entender a evolução desses objetos é essencial para compreender a origem da vida, mas durante algum tempo os pesquisadores estiveram negligenciando a interação dos campos magnéticos e da poeira cósmica nesses processos, pelo menos até o novo mapeamento.

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No novo estudo, os pesquisadores usaram o Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha (SOFIA), um telescópio que circundava a Terra a bordo de um avião Boeing 747, para observar uma região da Via Láctea conhecida como zona molecular central. A poeira dessa região é equivalente a 60 milhões de massas solares e tem uma temperatura de 258,2° Celsius negativos. Ao mesmo tempo, a região é cheia de gás ionizado, ou plasma. 

As observações de ondas de rádio desta região contêm belos elementos verticais que traçam campos magnéticos no componente quente e ionizado do plasma do centro da Via Láctea. Tentamos descobrir que relação isso tem com o componente de poeira fria.

David Chuss, líder da pesquisa, em resposta ao Space.com
Resultado do mapeamento da Via Láctea (Crédito: Universidade Villanova/Paré, Karpovich, Chuss (PI).)
Resultado do mapeamento da Via Láctea (Crédito: Universidade Villanova/Paré, Karpovich, Chuss (PI).)

O resultado das observações foi um mapa infravermelho que cobre uma área de 500 anos-luz do centro da Via Láctea, construído a partir de nove voos do Boeing 747. No novo mapa, algumas regiões nunca mapeadas foram reveladas. Os detalhes também são impressionantes. No mapa, as cores representam:

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  • Rosa: as nuvens de poeira cósmica quente;
  • Azul: as nuvens de poeira cósmica fria;
  • Amarelo: filamentos emissores de ondas de rádio

Campos magnéticos e a poeira cósmica

Um dos objetivos do mapeamento era revelar como a poeira fria se alinha com o campo magnético no coração da Via Láctea, o que também revelaria a polarização deles. Essas medições foram feitas a partir da forma como a radiação emitida pela poeira se alinha com os campos magnéticos.

Esta é uma viagem, não um destino, mas o que descobrimos é que isto é algo muito complicado. As direções do campo magnético variam ao longo das nuvens no centro da Via Láctea. Este é o primeiro passo na tentativa de descobrir como o campo que vemos nas ondas de rádio através destes grandes filamentos organizados pode estar relacionado com o resto da dinâmica do centro da Via Láctea.

David Chuss

Agora, os pesquisadores esperam continuar observado as investigações do SOFIA por pelo menos dois anos, podendo revelar o que está acontecendo no centro da Via Láctea.