O café é uma paixão nacional. Só não digo que é uma unanimidade porque eu não gosto. Sim, sou uma aberração: 99,9% dos jornalistas que eu conheço são movidos a esse combustível cheiroso e amargo.

Uma coisa que as pessoas não pensam é que o nosso amor pelo café (o de vocês, na verdade) gera milhões de toneladas de detritos mensalmente. Jogue pela pia ou no saquinho de lixo, a borra de café não é reaproveitada por quase ninguém. Mas os cientistas querem mudar isso.

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Uma equipe da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) demonstrou que aquele pó molhado ou os velhos grãos de café podem absorver a bentazona, o herbicida mais comum usado na agricultura.

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Eles descobriram essa nova propriedade da borra de café ao adicionar cloreto de zinco à mistura, ativando o carbono do composto. Esse carbono, por sua vez, teve uma eficiência de 70% na remoção da bentazona.

Se a tecnologia avançar, estaríamos diante de uma novidade que resolveria dois problemas ambientais em um só: o lixo gerado pelos resíduos de borra de café e os danos causados ​​por herbicidas agrícolas à vida selvagem.

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Como foi feito o experimento

  • Os cientistas realizaram testes com bentazona dissolvida em líquido, antes e depois do tratamento com o carbono ativado pela borra de café.
  • Os pesquisadores observaram como esse herbicida afetava os tecidos da raiz da cebola, chamados meristemas .
  • Esses tecidos são pontos a partir dos quais as plantas crescem, de modo que o desenvolvimento da dele pode parar pela ação química.
  • Com a borra de café, a raiz de cebola cresceu forte.
  • Sem ela, o herbicida prejudicou o desenvolvimento da planta.
  • Estes são apenas resultados preliminares, mas são promissores.
  • Os cientistas acreditam que o carbono proveniente de borras de café pode ser eficaz também no tratamento de água poluída pela bentazona.
  • As próximas etapas envolverão refinar os processos e ampliá-los.
  • A pesquisa está no Journal of Chemical Technology and Biotechnology .
Café espresso com coração desenhado na sua espuma
Consumo de café não causa arritmia, mas afeta saúde de outras formas (Imagem: xtock / Stock da Adobe)

Outros usos para a borra de café

Como as pessoas não vão deixar de tomar café, os cientistas seguem buscando outras formas de reaproveitar a borra dessa bebida.

Além desse uso contra herbicidas, há estudos que utilizam o material para aumentar o valor nutricional dos alimentos e até mesmo como aditivo para enfrentar alguns tipos de demência.

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Tem ainda uma pesquisa que aplicou o material na construção civil, para aumentar a resistência do concreto.

Agora, o uso mais interessante e prático que encontrei foi sugestão, de novo, de brasileiros. Eles pegam a borra de café e casca de ovo para fazer adubo!

Essa dica consta no portal do governo de Minas Gerais. Esses restos de alimento que iriam para o lixo precisam passar por um processo de compostagem antes de se tornarem o aditivo natural.

Essa técnica é utilizada há bastante tempo na sede do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Minas (Emater-MG), em Belo Horizonte.

No local, toda a borra de café, folhas secas e restos de produtos orgânicos são coletados para fazer a compostagem. Os mineiros usam o fertilizante para adubar os jardins da empresa.

Beber café diariamente reduz o risco de morrer por doenças no fígado
Imagem: Polina Lebed (Pixabay)

As informações são do Science Alert.