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O desaparecimento das construções características de um povo que habitou o litoral do Brasil, onde hoje se encontra o Sítio Arqueológico de Laguna (SC), levou arqueólogos a acreditar que essa população havia sido substituída pelos habitantes do interior. No entanto, parece que não foi bem assim que aconteceu.
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Contrariando essa crença, uma nova investigação do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, realizada no sítio, revela novas pistas que indicam que a população teve seus hábitos modificados devido à interação com outros povos.
O que são sambaquis?
Os sambaquis são montes construídos com conchas ao longo de milhares de anos para servir como locais de moradia, sepultamento e atividades cotidianas pelas comunidades que habitavam o litoral brasileiro há milhares de anos. Para quem os desconhece, podem parecer apenas pequenas montanhas, mas fornecem evidências valiosas sobre as atividades e o modo de vida dessas populações antigas.

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Um hábito cultural que permaneceu inabalável por 8 mil anos simplesmente desapareceu há mil anos. Quando os europeus desembarcaram nesta região, encontraram apenas sociedades Kaingang e Laklãnõ-Xokleng, descendentes dos proto-Jê e guaranis. Até então, a teoria era de que os sambaquieiros deram lugar a outros grupos ao longo do tempo.
Os sambaquieiros não desapareceram
- Estudos arqueológicos e genéticos revelaram que os sambaquieiros não desapareceram.
- Na verdade, houve uma transformação cultural gradual nos sítios sambaquis em Laguna há cerca de 2 mil anos.
- Uma das mudanças é vista na substituição de conchas por ossos de peixe na construção dos sambaquis.
- Apesar de a diminuição do nível do mar ser apontada como um dos motivos do abandono das conchas, a dieta baseada em frutos do mar persistiu, indicando o contrário.
- As investigações de DNA mostraram que os sambaquieiros também mantiveram uma continuidade genética ao longo do tempo.
- Além disso, foram encontradas cerâmicas em alguns montes, material usado pelos proto-Jê, sugerindo uma convivência prolongada com esses grupos litorâneos.

As descobertas destacam a resistência cultural dessas populações ao longo de milhares de anos, apesar das influências externas. Estudos mais recentes também indicam uma pequena ancestralidade compartilhada entre sambaquieiros e povos Jê há pelo menos 1.300 anos atrás, revelando uma história complexa de interações genéticas e culturais.
Detalhes do estudo foram divulgados em artigo publicado na Plos One.