O avanço das superbactérias representa um dos maiores desafios de saúde pública do mundo e projeções indicam que o impacto econômico global pode chegar a US$ 100 trilhões, cerca de R$ 500 trilhões, até 2050. Por isso, pesquisadores tem se debruçado sobre o tema. E um recente estudo descreve uma estratégia que pode inativar esses microrganismos multirresistentes.

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Representação de superbactérias (Imagem: Lightspring/Shutterstock)

Ideia é danificar a membrana celular das superbactérias

  • Os pesquisadores propõem usar nanopartículas metálicas ou nanopartículas de óxidos metálicos para inativar as superbactérias.
  • Isso aconteceria seja por meio da liberação de íons, por contato direto das nanopartículas com os patógenos, por interação eletrostática ou por formação de espécies reativas de oxigênio (moléculas que danificam a membrana celular).
  • O estudo foi publicado no Journal of Environmental Chemical Engineering.
  • As informações são da Agência FAPESP.
Estudo propõe usar nanopartículas para inibir superbactérias (Imagem: Journal of Environmental Chemical Engineering)

Óxido de zinco apresentou resultados promissores

Durante o trabalho, a equipe produziu algumas variantes de nanopartículas de óxido de zinco (ZnO NPs) e as testou em meio aquoso. O nanomaterial se mostrou eficiente, com efeito biocida contra um grande grupo de bactérias multirresistentes obtidas a partir de isolados clínicos (oriundas de pacientes). O objetivo do experimento foi verificar a suscetibilidade dos microrganismos a nanopartículas com diferentes morfologias.

Utilizando uma ferramenta de análise de dados conhecida como principal component analysis, os autores buscaram entender como as modificações no parâmetro de síntese das nanopartículas influenciaram a atividade antibacteriana.

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A vantagem de utilizar óxido de zinco está no fato de o material ser considerado seguro pelas agências internacionais de regulamentação. Desse modo, pode ser usado na produção de muitos materiais funcionalizados para uso em larga escala. Além disso, as nanopartículas de óxido de zinco são mais baratas do que de outros metais, como ouro e prata.

O material também tem potencial para ser empregado no tratamento de água, embalagens de alimento e protetores solares, entre outros. Porém, ainda são necessários muitos estudos para analisar possíveis contraindicações relativas à concentração do material, toxicidade de sua liberação em meios aquáticos e aos efeitos negativos ainda poucos discutidos da interação do material com sistemas biológicos complexos.

As próximas etapas da pesquisa envolvem a aplicação dessas nanopartículas em sistemas poliméricos para produzir nanocompósitos que podem ser usados para recobrir superfícies metálicas de ambientes hospitalares, por exemplo.

Gleison Neres, primeiro autor do artigo