Porcos-do-mar, unicumbers e outras estranhas criaturas foram encontradas durante uma expedição realizada no fundo do mar na Zona Clarion-Clipperton (CCZ), no pacífico central. A região tem sido alvo de interesse dos pesquisadores devido a sua biodiversidade e seu potencial de mineração.

  • A expedição faz parte do projeto SMARTEX que visa conhecer melhor o ecossistema da região e forma como seus componentes interagem;
  • Financiada pela Natural Environment Research Council (NERC), a missão também contou com apoio do Centro Nacional de Oceanografia;
  • A biodiversidade que os pesquisadores investigaram vivem no fundo do oceano, entre 4 e 5 mil metros.
O Unicumber é um pepino do mar transparente (Crédito: © #NHMDeepSea Group, Museu de História Natural, Reino Unido)
O Unicumber é um pepino do mar transparente (Crédito: © #NHMDeepSea Group, Museu de História Natural, Reino Unido)

A expedição liderada por Adrian Glover, pesquisador de águas profundas do Museu de História Natural de Londres (NHM), usou câmeras para fazer diversas capturas das bizarrices que habitam essa região, que inclui uma espécie de pepino-do-mar transparente, conhecida como unicumber e o peixe rattail, um dos poucos vertebrados a viver nessas profundidades. Em resposta ao IFLScience, o biólogo marinho Regen Drennan apontou que muitas das criaturas capturadas provavelmente serão novas espécies para a ciência. Isso porque, mesmo que tenham sido anteriormente observadas, elas não foram descritas formalmente, como o porco-do-mar rosa.

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Todos os espécimes recolhidos serão trazidos de volta ao museu, onde serão identificados e estudados pelos investigadores daqui. Algumas podem ser descritas como novas espécies, e muitos dos espécimes serão usados ​​para pesquisas que observem padrões de diversidade no fundo do mar nesta área.

Eva Stewart, estudante de doutorado do NHM
O peixe rattla é um dos poucos vertebrados que vivem tão fundo no oceano (Crédito: © #NHMDeepSea Group, Museu de História Natural, Reino Unido)
O peixe rattla é um dos poucos vertebrados que vivem tão fundo no oceano (Crédito: © #NHMDeepSea Group, Museu de História Natural, Reino Unido)

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Mineração da região onde vivem as criaturas

O interesse dos pesquisadores em investigar a CCZ está relacionado à existência de grandes campos de batatas do mar, conhecidas também como tubérculos de profundidade ou nódulos de manganês. Apesar do nome, na verdade, esses “tubérculos” são rochas negras ricas em cobalto, níquel e manganês, elementos essenciais para a produção de carros elétricos.

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Embora a região represente apenas 0,5% do fundo do mar, ela concentra a maior fonte do mundo desses minerais. Estima-se que a quantidade de manganês, níquel e cobalto no local seja suficiente para produzir 280 milhões de veículos, correspondendo a um quarto da frota mundial de carros.

A mineração da área no fundo do mar impactaria menos o meio ambiente do que se ela fosse feita em terra, como nas florestas na Indonésia. Assim, a expedição pode investigar também como a mineração desses materiais pode afetar as criaturas estranhas que vivem na região.

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A distribuição destes animais parecia ser bastante irregular — o pepino-do-mar dominante num mergulho com ROV pode estar completamente ausente noutro local, sendo um diferente mais comum. Mas em termos de densidade a que estamos habituados, por exemplo, em sistemas terrestres ou marinhos mais rasos, o mar profundo em geral (e esta área da CCZ) é caracterizado por densidades populacionais muito baixas, em grande parte porque a alimentação é tão limitada nestas regiões profundas.

Regen Drennan

Agora, mais investigações sobre as criaturas e o ecossistema local precisarão ser realizadas antes que a mineração de fato aconteça.