A fibrilação atrial (FA) é uma alteração da frequência cardíaca. Os sintomas comuns são palpitações, ritmo cardíaco acelerado e fadiga. Uma pesquisa revela que a longo prazo a doença, que normalmente traz complicações como acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e ataque cardíaco, reduz a expectativa de vida dos pacientes. Mais da metade (55%) só sobrevive até 10 anos.
O estudo, da Faculdade de Medicina da Universidade de Queensland (UQ), analisou dados médicos de pós-internações hospitalares de 260.492 adultos na Austrália e na Nova Zelândia entre 2008 e 2017. A pesquisa foi publicada no European Heart Journal.
Os efeitos da fibrilação atrial a longo prazo
- Depois do diagnóstico de fibrilação atrial ou flutter atrial, as principais consequências foram reinternação mesmo após tratamento, perda de expectativa de vida ou morte.
- A taxa de sobrevivência caiu drasticamente após a alta do tratamento da FA: em um ano, 91,4% sobreviviam, caindo para 72,7% em cinco anos e 55,2% em 10 anos.
- Em média, os pacientes hospitalizados tiveram uma perda de 2,6 anos na expectativa de vida.
- Ao longo de 10 anos, 11% dos pacientes tiveram acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório (AIT) e 16,8% foram reinternados por insuficiência cardíaca.
- A reinternação por recorrência de FA ou flutter foi de 21,3% em um ano, 35,3% em cinco anos e 41,2% em 10 anos.
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Os tratamentos para a doença crônica FA
Atualmente existem três tratamentos mais comuns para a FA: a ablação por cateter, que envolve a aplicação de calor ou frio para criar cicatrizes e corrigir o ritmo cardíaco irregular; a cardioversão elétrica, que utiliza choques elétricos no peito para restaurar o ritmo regular do coração; e a cardioversão química baseada em medicamentos para o mesmo fim.
O estudo mostrou que apenas 0,3% dos pacientes realizaram a ablação por cateter durante a internação inicial, mas esse número aumentou para 6,5% ao longo de 10 anos. Isso levanta preocupações de que o procedimento possa estar sendo subutilizado em hospitais onde o estudo foi realizado.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de focar mais nas sequelas a longo prazo da fibrilação atrial (FA) e do flutter atrial. Eles dizem que é importante considerar a FA uma doença crônica com múltiplas consequências graves e sugerem uma abordagem mais ampla para prevenir hospitalizações recorrentes. Isuru Ranasinghe, autor do estudo, também sugere outras formas de lidar com a situação:
Uma melhor educação dos pacientes em áreas como o controle da pressão arterial e a perda de peso, bem como uma terapia preventiva adequada no hospital e nos cuidados primários, poderiam melhorar os resultados para as pessoas com FA
Isuru Ranasinghe para o Medical Xpress