A teoria da abiogênese e biogênese visava explicar a origem dos seres vivos, conduzindo experimentos com esse propósito. Vários estudiosos, incluindo Lazzaro Spallanzani (1729-1799) e Francesco Redi (1626-1697), tentaram evidenciar que essa ideia estava equivocada. No entanto, foi por meio do experimento de Pasteur, na década de 1860, que Louis Pasteur (1822-1895) demonstrou de forma clara que a concepção predominante na época sobre o início da vida estava incorreta.

O pesquisador francês, incentivado pela Academia Francesa de Ciências que estava oferecendo um prêmio, estabeleceu de forma conclusiva que os seres vivos se originavam de outros seres vivos. Em seu experimento, Pasteur utilizou frascos com gargalo de cisne para mostrar que ao ferver um líquido, ele não perdia sua “força vital”.

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A partir dessa experiência a teoria da abiogênese, que dizia que os microrganismos surgiam espontaneamente, sem precisar de um organismo vivo para reprodução, perdeu a credibilidade. Desse modo, deu origem à teoria da biogênese, onde os seres vivos necessitavam de um progenitor vivo para sua origem. Esse estudo marcou a aceitação da teoria da biogênese na comunidade científica. Conheça as etapas do experimento de Pasteur, estudo importante para nossa compreensão atual da origem da vida e o fim da ideia da abiogênese.

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O que foi o experimento de Pasteur?

Foi o estudo que deixou claro em que todo ser vivo só pode surgir através de processos de reprodução, sendo assim, um ser vivo só nasce a partir de outro preexistente. Veja as etapas do experimento que chegou a essa conclusão:

01 – Inicialmente, Pasteur preparou um caldo nutritivo semelhante ao utilizado na preparação de sopa, garantindo que suas características fossem compatíveis.

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02 – Depois, ele distribuiu a mesma quantidade de caldo em dois frascos de gargalo longo. Em um frasco, deixou o gargalo reto. No outro, inclinou o gargalo para formar uma curva em “S”.

Experimento de Pasteur
Ilustração de Louis Pasteur em seu laboratório – Imagem: 1895 Shutterstock

03 – Em seguida, Pasteur aqueceu o caldo em cada frasco para eliminar qualquer forma de vida presente no líquido. Em seguida, deixou os caldos estéreis descansarem à temperatura ambiente e expostos ao ar em seus respectivos frascos com gargalo aberto.

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04 – Após algumas semanas, Pasteur notou que o caldo no frasco com gargalo reto estava descolorido e turvo, ao passo que o caldo no frasco com gargalo curvo permanecia inalterado.

05 – Ele deduziu que os germes presentes no ar conseguiram cair livremente pelo gargalo reto do frasco, contaminando o caldo. No entanto, no outro frasco, com o gargalo curvo, os germes ficaram presos na curvatura, impedindo-os de alcançar o caldo, que permaneceu sem alteração de cor ou turbidez.

Pasteur relatou que, se a geração espontânea fosse realmente válida, o caldo no frasco com gargalo curvo teria sido contaminado com o tempo, devido ao surgimento espontâneo de germes. No entanto, o frasco com gargalo curvo permaneceu livre de contaminação, o que sugere que os germes só poderiam ter se originado de fontes pré-existentes.

Experimento de Pasteur
Ilustração do Experimento de Pasteur – Imagem: Reprodução

O experimento de Pasteur exemplifica as características da pesquisa científica moderna. Ele parte de uma hipótese e a testa através de uma experiência meticulosamente controlada.

Essa mesma abordagem, baseada na sequência lógica de etapas, tem sido adotada pelos cientistas por quase 150 anos. Com o tempo, esses passos evoluíram para formar uma metodologia idealizada, agora conhecida como o método científico.

Experimento de Pasteur: resultado

Pasteur realizou experimentos expondo caldos fervidos ao ar, em recipientes com ou sem filtros, mas com o ar passando por um longo tubo curvo para evitar a entrada de poeira. Nos caldos, nada cresceu, a menos que os frascos fossem quebrados, mostrando que os organismos vivos não surgiam espontaneamente no caldo, mas vinham de fora, como esporos presentes na poeira. Esse experimento foi importante para invalidar a teoria da geração espontânea.

A teoria da geração espontânea é uma ideia antiga que postula que os seres vivos podem surgir sem a necessidade de progenitores semelhantes. Por exemplo, acreditava-se que pulgas poderiam surgir da sujeira e vermes da carne em decomposição. Outra concepção, conhecida como geração equívoca, sugeria que seres como as tênias surgiam de organismos vivos não relacionados.

Origem da vida
Credito: Armário Maximillian / Shutterstock

Essas concepções sustentavam que tais fenômenos ocorriam de maneira comum e regular, contrastando com a ideia de geração unívoca, que estabelece que os seres vivos surgem exclusivamente de progenitores semelhantes, tipicamente da mesma espécie.

A teoria da geração espontânea foi principalmente apoiada por Aristóteles, que compilou e expandiu o trabalho de filósofos naturais anteriores e várias ideias antigas sobre a origem dos seres vivos, permanecendo predominante por dois milênios.

No entanto, hoje em dia, a maioria das pessoas não acredita mais na geração espontânea, principalmente devido aos experimentos de Louis Pasteur no século 19. Ele realizou experimentos semelhantes aos de Francesco Redi, que fez experimentos similares no século 17. O experimento do pesquisador francês Louis Pasteur é reconhecido como o fim do debate sobre a geração espontânea.

Experimento de Pasteur
Tanque de pasteurização de leite – Imagem: Alba_alioth/Shutterstock.com

Além de invalidar a teoria da abiogênese, Pasteur contribuiu com outras descobertas que são utilizadas até hoje. Entre elas, destaca-se a pasteurização, uma técnica que consiste no aquecimento dos alimentos até atingirem altas temperaturas, seguido de resfriamento rápido. Essa técnica é aplicada em bebidas como leite, sorvetes, cervejas e etc.