A origem da Escandinávia pode estar na Groenlândia

Ao analisar cristais de zircão, os pesquisadores perceberam que parte da crosta da Escandinávia era mais antiga
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 04/04/2024 08h33
No estudo a equipe de pesquisa usa o termo “Escandinávia” para representar a região geológica Fennoscandiana, que inclui a Finlândia.
No estudo a equipe de pesquisa usa o termo “Escandinávia” para representar a região geológica Fennoscandiana, que inclui a Finlândia. (Crédito: Claudio Divizia/ shutterstock)
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Um grupo de pesquisadores encontrou cristais na Finlândia que indicaram a existência de pedaços da crosta terrestre no interior de um antigo continente. A pesquisa revelou informações sobre a rocha mais antiga da Escandinávia, que se formou há 3,75 bilhões de anos.

Para quem tem pressa:

  • Os pesquisadores investigaram marcadores geoquímicos de cristais encontrados na Finlândia para determinar a idade e origem deles;
  • A investigação revelou que parte de região era mais antiga e provavelmente se separou da Groenlândia bilhões de anos atrás;
  • Essa descoberta permite aos pesquisadores saberem mais sobre as origens e como os continentes se espalharam.

No estudo publicado recentemente na revista Geology, os pesquisadores recolheram cristais provenientes do zircão em rios da Finlândia, que foram investigados a partir de três marcadores geoquímicos: urânio-chumbo, lutécio-háfnio e oxigênio. A análise permitiu datar a idade dos cristais e comparar suas assinaturas com outras crostas antigas.

Os pesquisadores analisaram a assinatura geoquimica de cristais (Crédito: Andreas Petersson)
Os pesquisadores analisaram a assinatura geoquimica de cristais (Crédito: Andreas Petersson)

De acordo com comunicado da Universidade de Copenhagen, a pesquisa acabou revelando que parte da crosta da Escandinávia é cerca de 250 milhões de anos mais velha, tendo se originado há 3,75 bilhões de anos, na Groenlândia.

Essa descoberta revela mais sobre a história dos continentes e a formação e crescimentos dos cráton arqueanos, as partes mais antigas da crosta continental que se formaram entre 4 e 2,5 bilhões de anos, pouco antes da vida surgir.

Os cristais de zircão que encontramos na areia dos rios e nas rochas da Finlândia têm assinaturas que apontam para que sejam muito mais antigos do que qualquer coisa já encontrada na Escandinávia, ao mesmo tempo que correspondem à idade das amostras de rochas da Groenlândia. Ao mesmo tempo, os resultados de três análises isotópicas independentes confirmam que a base rochosa da Escandinávia estava provavelmente ligada à Gronelândia.

Andreas Petersson, principal autor do estudo, em comunicado

Leia mais:

Parte da crosta da Escandinávia se separou da Groenlândia

A parte escondida da crosta foi encontrada em um afloramento da Finlândia (Crédito: Andreas Petersson)
A parte escondida da crosta foi encontrada em um afloramento da Finlândia (Crédito: Andreas Petersson)

Essas regiões fazem parte de uma seção da crosta chamada Escudo Fennoscandiano ou Escudo Báltico. Agora os pesquisadores pensam que esse pedaço de crosta mais antigo encontrado na Finlândia, se desprendeu há bilhões de anos da Groenlândia e se deslocou até parar onde se encontra atualmente. Depois disso, mais material se juntou à crosta, até formar o restante da Escandinávia.

Os pesquisadores apontam que descobrir essa “semente” que cresceu até se formar o que vemos hoje, ajuda a entender como outras massas da Terra se formaram, resolvendo o mistério de como os continentes surgiram e se espalharam.

Ainda há muitas coisas que não sabemos. Na Austrália, na África do Sul e na Índia, por exemplo, foram encontradas sementes semelhantes, mas não temos certeza se todas vêm do mesmo ‘local de nascimento’ ou se são originaram-se independentemente uns dos outros em vários lugares da Terra.

 Tod Waight, geólogo da Universidade de Copenhagen 
Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.