Em novembro de 2021, a NASA lançou ao espaço a missão DART (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo), para colidir com um sistema binário de rochas espaciais a fim de testar um novo método de defesa planetária.

Além de redirecionar com sucesso o asteroide Dimorphos (“lua” do irmão maior Didymos), o impacto da espaçonave enviou enormes pedregulhos ao espaço, variando em tamanho de um a sete metros de diâmetro – uma massa total de aproximadamente mil toneladas.

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Ilustração mosta a espaçonave DART se aproximando de asteroide
Espaçonave DART, da NASA, foi lançada em 2021 para desviar a órbita de um asteroide ao colidir com ele, missão cumprida com sucesso. Crédito: Robysot – Shutterstock

Um estudo disponível no servidor de pré-impressão arXiv, que aguarda revisão de pares para publicação, analisou o caminho orbital que esses 37 objetos vão percorrer nos próximos 20 mil anos, descobrindo que a Terra está a salvo de impactos. A aproximação máxima com o planeta, segundo o artigo, acontecerá em cerca de 2.500 anos, quando um desses detritos de Dimorphos chegará a 0,02 unidades astronômicas (UA) de nós – o equivalente a cerca de três milhões de km.

Marte terá órbita cruzada com pedaços do asteroide Dimorphos muitas vezes

No entanto, o mesmo não se pode dizer de Marte. “Simulações numéricas mostram que todas as rochas do enxame cruzarão a órbita de Marte várias vezes nos próximos 20 mil anos”, diz o artigo. “O enxame simulado é estatisticamente representativo do conjunto de 37 rochas reais descobertas recentemente usando observações do Telescópio Espacial Hubble que foram ejetadas durante o impacto da espaçonave DART em Dimorphos. Portanto, devido aos cruzamentos de órbita que acontecem na evolução de longo prazo, é possível que algumas das rochas impactem Marte no futuro”.

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Impacto da nave DART com asteroide não só mudou a órbita da rocha espacial como ejetou pedaços do objeto ao espaço

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Ainda de acordo com a pesquisa feita por astrônomos da Itália, esses impactos potenciais acontecem duas vezes em torno de seis mil anos no futuro, e duas vezes 15 mil anos mais à frente. Se os caminhos se cruzarem – e há muitas variáveis que podem alterar o caminho da rocha, como a energia da luz solar, por exemplo – a equipe analisou que tipo de impacto as rochas criariam.

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“A condição de fragmentação, assumindo uma força média de cerca de 1 MPa, é alcançada quando o meteoroide atinge o solo marciano sem gerar rajadas de ar e com uma velocidade ligeiramente menor do que a inicial, porque a atmosfera marciana é muito fina para retardá-la significativamente. Por esta razão, neste caso, uma pequena cratera de impacto simples de cerca de 200-300 metros de diâmetro será gerada”, explicou a equipe.

No entanto, os pesquisadores alertam que não se pode descartar que as rochas oriundas de Dimorphos tenham uma força inferior a cerca de 1 MPa. “Neste caso, os meteoroides se fragmentarão na atmosfera marciana sem atingir o solo intacto, dando origem a um campo clássico espalhado”.