Conforme noticiado em janeiro pelo Olhar Digital, o Observatório Vera C. Rubin, que é batizado em homenagem à astrônoma estadunidense que descobriu a matéria escura e será inaugurado em 2025 no norte do Chile, vai contar com a maior câmera digital já construída em toda a história.

Financiada pelo governo dos EUA, a câmera LSST (sigla em inglês para Levantamento do Legado do Espaço e do Tempo), teve um custo total aproximado de US$800 milhões (algo em torno de R$4 bilhões na cotação atual). Ela foi projetada para fazer uma varredura do céu a cada três dias, em movimentos repetitivos, tirando uma foto a cada 30 segundos, o que vai ajudar no aprofundamento das pesquisas sobre o Universo.

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Construído pelo Laboratório Nacional de Aceleradores (SLAC), da Universidade de Stanford, em Palo Alto, na Califórnia, o instrumento de dimensões colossais está finalmente pronto, de acordo com um comunicado emitido pela instituição esta semana. 

Como é a câmera digital colossal do Observatório Vera C. Rubin

A câmera LSST, com seus impressionantes 3.200 megapixels, tem o tamanho aproximado de um carro compacto para quatro pessoas e pesa 2,8 toneladas. Com uma visão de campo amplo, ela buscará desvendar os mistérios que envolvem a energia escura, responsável por cerca de 70% da composição do Universo, e a matéria escura, que constitui aproximadamente 25% do cosmos – ambas “invisíveis”.

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Além disso, a LSST responderá a uma série de outras questões astronômicas, criando o que os especialistas chamam de “o maior filme de todos os tempos e o mapa mais informativo  já montado do céu noturno”.

A câmera LSST tem o tamanho aproximado de um carro compacto para quatro pessoas e pesa 2,8 toneladas. Crédito: Jacqueline Ramseyer Orrell/SLAC National Accelerator Laboratory

“Os dados coletados pela câmera LSST e o observatório Rubin serão realmente inovadores. Isso permitirá estudos realmente incisivos da expansão do Universo e da energia escura”, disse Aaron Roodman, professor do SLAC, vice-diretor do Observatório Rubin e líder do programa de câmeras, em entrevista ao Space.com. “A pesquisa LSST nos permitirá ver bilhões de galáxias, cerca de 17 bilhões de estrelas em nossa própria galáxia, a Via Láctea, e milhões de objetos do Sistema Solar”.

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Diferentemente de outros telescópios poderosos, as imagens produzidas pela câmera LSST não vão focar em objetos individuais, e sim mapearão grandes áreas do céu, capturando um vasto território repleto de estrelas e galáxias.

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Apesar da visão abrangente, a câmera LSST não compromete a qualidade dos detalhes. Suas imagens são tão precisas que poderiam distinguir uma bola de golfe a uma distância de 15 km, enquanto cobrem uma área sete vezes maior do que a lua cheia.

Uma das grandes vantagens da pesquisa LSST é sua capacidade de observar repetidamente a mesma região do céu ao longo de 10 anos, permitindo que os cientistas monitorem mudanças e eventos cósmicos transitórios, como supernovas.

Antes que a câmera LSST possa iniciar suas observações, ela precisa ser transportada do SLAC para o topo do Cerro Pachón, nos Andes chilenos. Isso é um desafio logístico, considerando não apenas o tamanho do instrumento, como também sua delicadeza. Composta por 201 dispositivos acoplados à carga (CCD), que são sensores personalizados, a câmera requer cuidados especiais durante o transporte.

Após a montagem e configuração no local, ela passará por uma série de testes para garantir o bom funcionamento. Então, começará a capturar imagens do céu, com o primeiro alvo ainda não selecionado, mas que provavelmente será um pedaço de céu contendo uma grande galáxia brilhante. Ao serem divulgadas ao público no próximo ano, as primeiras imagens LSST prometem marcar o início de uma nova era na astronomia.