Imagem: Rodrigo Mozelli (gerado com IA)/Olhar Digital
Está quase tudo pronto para o eclipse solar total que será visível nos EUA, México e Canadá nesta segunda-feira (8). A NASA também está finalizando seus preparativos, de modo a ter a melhor visão possível do fenômeno.
Isso porque a agência espacial dos Estados Unidos vai levar um trio de equipes que ela financiou a 15 quilômetros de altura a bordo de dois aviões a jato WB-57 da própria NASA.
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As equipes levarão instrumentos científicos para fazer medições do eclipse, sendo que duas delas obterão imagens da atmosfera exterior do Sol (coroa), enquanto a outra equipe medirá a ionosfera (camada superior da atmosfera da Terra eletricamente carregada).
Conforme a NASA, as informações colhidas pelas três equipes ajudará seus cientistas na compreensão da estrutura e temperatura da coroa, os efeitos do Sol em nossa atmosfera e, até, ajudar na busca por asteroides que possam orbitar o Sol.
No eclipse solar total, a Lua bloqueia a face brilhante do Sol e deixa parte da Terra na mais completa escuridão, como se fosse noite. Isso ajuda aos cientistas no estudo da coroa solar, região ainda misteriosa para nós, pois, com o bloqueio lunar parcial, essa parte do Sol fica mais fraca, sendo possível observá-la a olho nu. Além disso, os pesquisadores podem estudar como a luz de nossa estrela afeta a Terra.
“Ao estender a duração da totalidade, estamos aumentando a duração da quantidade de dados que podemos adquirir”, disse Shadia Habbal, pesquisadora da Universidade do Havaí que lidera um dos experimentos do eclipse nos WB-57.
O experimento de Habbal voará em espectrômetros, que registram comprimentos de onda específicos de luz e câmeras. Tais instrumentos medirão a temperatura e a composição química da coroa e das ejeções de massa coronal.
Com tais dados, os cientistas esperam conseguir compreender melhor a estrutura da coroa e identificar a origem do vento solar (fluxo constante de partículas emitidas pelo Sol).
“Esta luz é nossa melhor sonda, exceto colocar um termômetro na coroa”, disse Habbal, que espera que seu estudo atual consiga diferenciar os diferentes modelos concorrentes sobre como a coroa solar é aquecida.
Outra equipe, sob liderança de Amir Caspi, do Southwest Research Institute em Boulder, Colorado, já fizeram “perseguições” a eclipses com aviões. Caspi foi líder de um experimento pioneiro, também com os WB-57, durante o eclipse solar total de 2017. As imagens captadas pelo jato a época foram utilizadas no estudo da estrutura da coroa.
Já para o próximo eclipse, será usada uma configuração de câmera melhorada, permitindo medições em mais comprimentos de onda, desde o infravermelho até à luz visível, o que a NASA espera que revele maias informações sobre as estruturas nas coroas média e inferior.
A câmera a ser usada é de alta resolução e alta velocidade, sendo que suas observações também poderão auxiliar no estudo de um anel de poeira que circunda o Sol, bem como ajudar na busca por asteroides que possam orbitar a estrela.
Não há muitos dados do Sol em alguns dos comprimentos de onda que estudaremos. Não sabemos o que encontraremos, por isso, é extremamente emocionante fazer essas medições.
Amir Caspi, do Southwest Research Institute em Boulder, Colorado, líder de uma das equipes da NASA
Por fim, um terceiro experimento vai estudar os efeitos da Lua na ionosfera por meio de um instrumento chamado ionossondas. Ele funciona como um radar simples, enviando sinais de rádio de alta frequência e escuta seus ecos repercutindo na ionosfera, permitindo aos pesquisadores medir o quão carregada ela está.
O eclipse serve basicamente como experimento controlado. Isso nos dá a oportunidade de entender como as mudanças na radiação solar podem impactar a ionosfera, o que, por sua vez, pode impactar algumas dessas tecnologias, como radar e GPS, das quais dependemos em nossas vidas diárias.
Bharat Kunduri, líder do projeto ionosfera e professor assistente de pesquisa na Virginia Tech em Blacksburg, Virgínia
Esta post foi modificado pela última vez em 7 de abril de 2024 18:40