Uma missão da NASA destinada a testar novos materiais de viagens espaciais na órbita da Terra está programada para decolar ainda este mês, segundo anunciado pela agência espacial.

Batizada de “Sistema Avançado de Velas Solares Compostas” (ACS3), a missão tem como principal objetivo testar a implantação de velas solares usando novas lanças compostas, que são materiais em forma de tubo projetados para desenrolar e segurar quatro folhas triangulares extremamente finas, que juntas formam um painel semelhante a uma pipa.

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Representação artística da próxima vela solar da NASA, ACS3, em órbita acima da superfície da Terra. Crédito: NASA/Aero Animation/Ben Schweighart

Mais rígidas e leves do que a tecnologia anterior, as lanças ACS3 ampliam a vela para 80 metros quadrados a partir de um satélite do tamanho de um forno micro-ondas em menos de 30 minutos.

A espaçonave está programada para decolar a bordo de um foguete Electron, da Rocket Lab, a partir do local de lançamento da empresa em Māhia, na Nova Zelândia.

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As velas solares, que impulsionam cargas úteis aproveitando a luz solar da mesma forma que os veleiros usam o vento, ganharam força nos últimos anos como alternativas acessíveis para espaçonaves convencionais de propulsão química. 

Quando partículas de luz chamadas fótons atingem uma vela solar, elas transferem seu impulso para a vela. Embora leves, esses empurrões sutis são constantes e podem ajudar as espaçonaves a cruzar o espaço, permitindo até mesmo que acelerem ao longo do tempo a velocidades alcançáveis com foguetes tradicionais. 

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Velas solares da NASA podem ajudar a descobrir vida extraterrestre

Astrobiólogos apostam nas velas solares na busca por vida alienígena nas luas Europa, de Júpiter, e Encélado, de Saturno, dois mundos cobertos de gelo que se acredita terem condições favoráveis à vida como a conhecemos em seus oceanos subterrâneos.

Missões anteriores de velas solares, como a LightSail 2, foram bem-sucedidas, mas usavam lanças de metal, que são pesadas e estão sujeitas a se transformar de maneira imprevisível graças a oscilações bruscas de temperatura que podem ocorrer no espaço.

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Enquanto isso, o satélite ACS3 é quatro vezes maior que o LightSail e usa lanças mais leves feitas de polímero reforçado com fibra de carbono (CFRP), que são fortes o suficiente para segurar a vela solar com firmeza e flexíveis o bastante para dobrar compactamente para o lançamento.

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“Sete metros das lanças destacáveis podem se enrolar em uma forma que caiba na mão”, disse Alan Rhodes, engenheiro de sistemas líder da missão no Centro de Pesquisa Ames, da NASA. “A esperança é que as novas tecnologias verificadas nesta espaçonave inspirem outros a usá-las de maneiras que nem sequer consideramos”.

Assim que a espaçonave atingir a órbita predeterminada mil km acima da superfície da Terra, ela começará o processo de 25 minutos de desenrolar as lanças compostas, que abrangem as diagonais da vela. Tudo correndo conforme o planejado, a missão também testaria a mudança da órbita da espaçonave por meio da vela solar, uma manobra que poderia oferecer dados úteis para futuras missões, segundo a NASA.

Após a implantação completa, a vela solar será tão larga quanto seis vagas de estacionamento padrão alinhadas. Com essas dimensões, a superfície refletiva da estrutura brilhará no céu tão intensamente quanto Sirius, a estrela mais brilhante na paisagem celeste noturna.