É cruel, mas comentários como “você precisa emagrecer” já começam a acompanhar a vida de muita gente desde a infância e adolescência. Um novo estudo descobriu que adultos que enfrentam essa pressão quando jovens têm um maior risco de desenvolver o que especialistas chamam de estigma de peso “internalizado”.

É a primeira vez que uma pesquisa sobre as consequências de saúde relacionadas à pressão estética pelo corpo magro é realizada com uma grande amostragem no Reino Unido. O artigo com detalhes foi publicado no The Lancet Regional Health – Europe.

publicidade

O estigma do peso

O estigma do peso “internalizado” é quando as pessoas se sentem menos atraentes, competentes ou valiosas como indivíduos devido ao seu peso. A condição está ligada à discriminação baseada no quão magra ou gorda alguém é em uma sociedade e à pressão estética do corpo perfeito.

Aqueles que enfrentam o estigma do peso têm maior probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental, distúrbios alimentares e tendem a adiar a busca por tratamento médico. Até o momento, havia pouca compreensão sobre quais grupos sociais estavam mais propensos ao complexo.

publicidade

Quem está mais propenso a sofrer?

  • Aqueles que sofreram pressão para emagrecer da família, amigos e mídia durante a adolescência tiveram níveis mais elevados de desenvolvimento do estigma de peso internalizado aos 31 anos.
  • Isso ocorreu independentemente das variações no índice de massa corporal (IMC).
  • O bullying na adolescência (aos 17 anos) e na idade adulta (aos 23 anos) foi relacionado ao desenvolvimento do complexo aos 31 anos.
  • Mulheres e pessoas que não se identificaram como heterossexuais também correm maior risco de estigma de peso internalizado.
  • Os jovens que não passaram a maioria dos seus 20 anos envolvidos com educação, emprego ou formação profissional e cujas mães eram menos qualificadas estão no grupo de risco.

Foram avaliadas informações de mais de 4.000 pessoas com 31 anos classificadas por idade, sexo, etnia, fatores socioeconômicos, orientação sexual, família e influências sociais na infância e adolescência.

Leia mais:

publicidade

É preciso mudar o cenário

A pesquisadora Amanda Hughes, da Bristol Medical School: Population Health Sciences (PHS), destacou que o ambiente familiar na adolescência, o bullying e a pressão da mídia para perder peso podem ter efeitos duradouros na autovalorização das pessoas com base em seu peso na vida adulta.

Ela enfatizou a importância de reduzir o estigma do peso e suas consequências, propondo mudanças na maneira como o peso é discutido na mídia, em espaços públicos e em famílias, além de abordar o bullying nas escolas e locais de trabalho.

publicidade

Isso é crucial considerando o quão comuns são a pressão para perder peso e o bullying, o estigma e a discriminação relacionados com o peso em muitas culturas em todo o mundo.

Amanda Hughes para o Medical Xpress

O próximo passo dos pesquisadores é investigar detalhadamente os processos psicológicos pelos quais esses fatores sociais podem influenciar o estigma internalizado do peso.