Os cientistas já pesquisam há alguns anos a presença dos chamados microplásticos no nosso corpo e no meio ambiente. Um estudo do começo deste ano, por exemplo, revelou que quase 90% dos alimentos que ingerimos podem conter esses materiais!

Agora, um novo artigo científico mostra que essas partículas minúsculas podem passar dos nossos intestinos para outros órgãos.

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Essa pesquisa foi feita por cientistas da Universidade do Novo México – e acaba de ser publicada na revista Environmental Health Perspectives. Eles descobriram que os microplásticos podem chegar aos tecidos dos rins, fígado e até do cérebro.

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Os cientistas estimam que as pessoas ingerem, em média, 5 gramas de partículas microplásticas por semana – o equivalente ao peso de um cartão de crédito.

Enquanto outros investigadores ajudam a identificar e quantificar os microplásticos ingeridos, a equipe do professor Eliseo Castillo, da universidade mexicana, se concentra em estudar no que os microplásticos fazem no interior do corpo, especificamente no trato gastrointestinal.

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E as notícias não são das mais animadoras.

Experiência com ratos

  • Durante um período de quatro semanas, Castillo expôs ratos a microplásticos em sua água potável.
  • A quantidade era equivalente à quantidade de microplásticos que se acredita que os humanos ingerem a cada semana.
  • Os cientistas perceberam que, com o tempo, os microplásticos migraram do intestino para os tecidos do fígado, dos rins e até do cérebro.
  • O estudo também mostrou que os microplásticos alteraram as vias metabólicas nos tecidos afetados, causando inflamação e prejudicando até funções imunológicas, ou seja, de defesa do corpo.
  • Castillo disse que a preocupação deve ser ainda maior quando falamos de seres humanos:

“Esses ratos ficaram expostos durante quatro semanas. Agora, pense em como isso se compara aos humanos, se estivermos expostos desde o nascimento até a velhice”, teorizou.

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  • O professor Castillo acrescentou que a exposição a esses materiais é extensa:

“Ao longo das últimas décadas, foram encontrados microplásticos no oceano, em animais e plantas, na água da torneira e na água engarrafada. Eles parecem estar em toda parte”, explicou.

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Imagem: Microplásticos encontrados no meio ambientes. Créditos: Sansoen Saengsakaorat/Shutterstock

Novos e antigos estudos

Essa não é a primeira pesquisa feita pela equipe do professor Castillo sobre microplásticos. Num artigo publicado na revista Cell Biology & Toxicology, em 2021, ele demonstrou que quando os macrófagos encontravam e ingeriam microplásticos, a sua função era alterada e libertavam moléculas inflamatórias.

Macrófagos são células que compõem a defesa do nosso corpo.

A próxima fase da pesquisa de Castillo deve explorar como a dieta está envolvida na absorção de microplásticos.

O professor espera que sua pesquisa ajude a descobrir os impactos potenciais que os microplásticos estão causando à saúde humana e que ajude a estimular mudanças na forma como a sociedade produz e filtra os plásticos.

“No final das contas, a pesquisa que estamos tentando fazer visa descobrir como isso está impactando a saúde intestinal. A investigação continua a mostrar a importância da saúde intestinal. Se não tivermos um intestino saudável, isso afeta o cérebro, afeta o fígado e tantos outros órgãos”, declarou.

Imagem: Deemerwha studio/Shutterstock

As informações são do Medical Xpress.