A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou novo relatório que fornece, pela primeira vez, definição unificada do que significa quando uma doença se espalha pelo ar.

Segundo, o IFL Science, o órgão trabalhou com quatro grandes agências globais de saúde, em consulta com dezenas de especialistas individuais, para compilar o relatório, o que deverá esclarecer dúvidas e ajudar a evitar situação como a que tivemos no início da pandemia de Covid-19, com discussões tensas sobre a terminologia.

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No passado, era feita distinção entre dois tipos de partículas transportadas pelo ar. “Gotículas respiratórias”, geralmente, se refere às partículas maiores expelidas quando uma pessoa infectada tosse, respira, espirra ou mesmo apenas fala.

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Imagem: voronaman/Shutterstock

São partículas que podem ser inaladas em contato próximo com pessoa infectada, ou podem cair e contaminar superfícies. Porém, ainda se considerava outra partícula, menor – menos de cinco micrômetros de tamanho – mas que permanecia suspensa no ar por mais tempo, percorrendo distâncias maiores.

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Quando a Covid chegou, entidades de saúde de apressaram para compreender as principais formas de propagação da doença, para que os conselhos de saúde pública pudessem ser direcionados de forma eficaz.

Foi então que surgiram recomendações, como a regra dos dois metros, ou para distanciamento social e conselhos sobre lavagem e higienização das mãos, que fazem todo o sentido quando se fala de uma doença transmitida principalmente por gotículas.

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Mas, se a Covid-19 conseguisse se espalhar também nas partículas menores, que percorrem mais longe, as recomendações prioritárias deviam mudar, focando no uso de máscaras, buscar ventilação de espaços e a filtragem do ar.

O cientista-chefe da OMS, Dr. Jeremy Farrar, em recente conferência de imprensa, recordou como o debate foi acirrado sobre a possibilidade de categorizar a Covid-19 como uma doença verdadeiramente “transmitida pelo ar”, segundo as antigas definições.

Mulher com máscara para representar casos e mortes por Covid
Imagem: Zigres/Shutterstock

Em julho de 2020, a OMS reconheceu pela primeira vez que a Covid poderia se espalhar via gotículas menores. Mas isso só aconteceu depois que um grupo de especialistas em ciência reclamar publicamente de que a falta de vontade da agência em explorar a possibilidade de transmissão por esse meio colocava as pessoas em riscos desnecessários.

Nos anos seguintes, surgiam divergências em torno da recomendação do uso de máscaras e a ênfase na lavagem das mãos, discussões sobre que tipos de máscaras são melhores e a necessidade de usar filtros de ar em lugares, como escolas e empresas.

Quase quatro anos depois, já ficou claro que as partículas da Covid-19 podem se espalhar por distâncias muito maiores do que inicialmente se pensava. Visando evitar confusões de definição e potenciais riscos para a saúde pública na próxima vez, a OMS iniciou consulta abrangente em 2021, que conduziu ao novo relatório que acaba de sair. Ele pode ser visto na íntegra aqui.

Mudanças que o novo relatório da OMS trouxe

  • O documento recomenda que todas as gotículas respiratórias, independentemente do tamanho, sejam referidas como “partículas respiratórias infecciosas”, ou IRPs;
  • Agora, é correto dizer que uma doença se espalha “pelo ar” quando seu principal modo de transmissão depende de IRPs;
  • A transmissão aérea ou inalação ocorre quando os IRPs viajam a qualquer distância e são inspirados por outra pessoa. Isso é afetado por fatores, como temperatura do ar, umidade e ventilação;
  • A deposição direta ocorre quando os IRPs expelidos por uma pessoa infectada acabam diretamente na boca, nariz ou olhos expostos de uma pessoa próxima e podem entrar no corpo.

Portanto, de agora em diante, não deverá se discutir mais o tamanho das partículas. É uma mudança que também deve centralizar o conceito da “transmissão pelo ar” de maneira mais fácil de ser entendida pelo grande público.