A República Democrática do Congo vem pressionando a Apple para obter mais informações sobre sua cadeia de fornecimento devido a preocupações de que ela possa estar conter minerais ilegais, originados de conflitos provenientes do país. As informações são da Reuters.

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O Congo, especialmente a sua região oriental, tem sido assolado por conflitos violentos desde a década de 1990, matando milhões de pessoas, à medida que as lutas pela identidade nacional, etnia e recursos levaram à invasão de países vizinhos e ao surgimento de diversos grupos armados.

Entre os conflitos que surgiram, um dos mais intensos é pelo controle do comércio ilícito de minerais do país, como estanho, ouro, coltam e tântalo, materiais, amplamente utilizados em celulares e computadores, todos extraídos no Congo antes de serem contrabandeados por países vizinhos, como Ruanda, Uganda e Burundi.

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Em setembro de 2023, o presidente do Congo, Félix Tshisekedi, reuniu-se com o escritório de advocacia internacional Amsterdam & Partners LLP para investigar a cadeia de abastecimento de estanho, tungstênio e tântalo, também conhecidos como minerais 3T, devido a preocupações com exportações ilegais.

Imagem mostra a logomarca da Apple ao fundo, bem iluminada e acompanhada de uma silhueta de seu fundador, Steve Jobs
Imagem: hanohiki/Shutterstock

O CEO da Apple, Tim Cook, já teria sido notificado. O executivo recebeu uma série de perguntas baseadas em temores sobre a cadeia de suprimentos, que também foram destinadas às subsidiárias da Apple na França, solicitando respostas dentro de três semanas.

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“Embora a Apple tenha afirmado que verifica as origens dos minerais que utiliza para fabricar os seus produtos, essas alegações não parecem basear-se em provas concretas e verificáveis”, afirmou o escritório de advocacia num comunicado nesta quinta-feira (25).

“Os olhos do mundo estão bem fechados: a produção de minerais 3T essenciais em Ruanda está perto de zero, no entanto, as grandes empresas de tecnologia dizem que os seus minerais são provenientes de Ruanda”, continua o comunicado.

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Apple diz que os minerais usados são legítimos

  • A Apple deu acesso à Reuters ao seu último relatório sobre Minerais de Conflito.
  • No documento, é dito que 100% das fundições e refinarias identificadas na cadeia de fornecimento de todos os produtos Apple aplicáveis fabricados em 2023 participaram de uma auditoria independente de minerais de conflito de terceiros para minerais 3T e ouro (3TG).
  • “Não encontramos nenhuma base razoável para concluir que qualquer uma das fundições ou refinarias de 3T determinadas como estando em nossa cadeia de fornecimento em 31 de dezembro de 2023, financiou ou beneficiou direta ou indiretamente grupos armados na República Democrática do Congo, ou em um país vizinho”, diz o relatório da Apple.
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Imagem: Champhei/Shutterstock

O comunicado do escritório de advocacia coincide com a divulgação de um relatório da mesma firma que acusa Ruanda e entidades privadas de contrabando de 3T e outros minerais no conflito do Congo.

Os governos de Ruanda e do Congo não responderam imediatamente aos pedidos de comentários. O Congo é o maior produtor mundial de tântalo, seguido por Ruanda. É também o produtor número um no mundo de cobre e cobalto, minerais essenciais em baterias elétricas.

A maioria dos recursos minerais da República Democrática do Congo está concentrada no leste do país, onde a violência piorou desde que um grupo rebelde conhecido como M23 regressou em grande escala em março de 2022.