Desde a escola, estudamos a suposta invasão engenhosa dos gregos à cidade de Troia a partir de um cavalo de madeira disfarçado de presente aos troianos. Daí veio a expressão “presente de grego”, ou seja, quando nos acontece algo de infortúnio, que não esperávamos, coisa ruim.

Mas, será que essa icônica história realmente aconteceu? Em primeiro lugar, vale ressaltar: são poucas as evidências de que isso foi real. A seguir, contamos como foi a história do cavalo de Troia, caso você não se recorde, ou não conheça.

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História do cavalo de Troia

  • A lenda diz que os aqueus, que tinham, como líder, Agamenon, e Aquiles como um de seus principais soldados, sitiaram Troia por dez anos e não conseguiram invadir a cidade;
  • Então, eles fingiram desistir da invasão, navegando para uma ilha próxima e deixaram, na porta de Troia, um enorme cavalo de madeira cheio de soldados dentro;
  • Os troianos acharam que se tratava de oferenda ao deus Atena, levando o cavalo ao coração da cidade;
  • Quando a noite chegou, os gregos saíram do cavalo e acabaram com Troia.

Mas há um porém, como lembra o Space.com: os arqueólogos não encontraram, até hoje, nenhuma evidência sólida que comprove a Guerra de Troia, tampouco seu final inesperado.

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A informação que temos de Troia é que ela seria uma cidade da Idade do Bronze onde se localiza, atualmente, Hisarlık, oeste da Turquia, descoberta pelo explorador alemão Heinrich Schliemann na década de 1870.

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Restos de Troia (Imagem: CherryX per Wikimedia Commons, CC BY-SA 3.0)

Ao ser escavado, o local tinha algumas pontas de flechas e evidências de fogo em camada de sedimentos de cerca de 1.200 a.C., data esta que se aproxima da que o poeta Homero cita em seu grande poema, “Ilíada”, podendo sugerir antiga batalha na região. Mas fica difícil vincular o que foi descoberto ao cerco à cidade, que teria durado uma década.

Já o gigantesco cavalo de madeira é citado brevemente por Homero em “Odisseia”, sendo que a primeira efetiva descrição do objeto surge em “Eneida”, do poeta romano Virgílio. O problema é que esse relato mais detalhado surgiu mais de um milênio após o suposto ocorrido.

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Boa parte dos arqueólogos modernos analisa os relatos de Virgílio com cautela, suspeitando que o cavalo era algo metafórico e não literal. Um exemplo parte do Dr. Armand D’Angour, da Universidade de Oxford (Inglaterra):

Evidências arqueológicas mostram que Troia foi realmente incendiada; mas o cavalo de madeira é uma fábula imaginativa, talvez inspirada na maneira como as antigas máquinas de cerco eram revestidas com peles de cavalo úmidas para evitar que fossem incendiadas.

Dr. Armand D’Angour, da Universidade de Oxford

Isso significa que o cavalo de Troia seria mais um aríete ou outras máquinas de guerra menos sutis do que o relatado. Ao mesmo tempo, é difícil que os arqueólogos encontrem vestígios dessa arma, pois os artefatos de madeira da antiguidade costumam se decompor bem antes de serem descobertos.

Independente de a história ser real ou não, o cavalo de Troia entrou no imaginário cultural mundial, e o termo também é usado na informática para nomear um tipo de malware que invade sistemas se disfarçando de código inócuo (faz todo o sentido ele ser chamado assim).

Restos de Troia (Imagem: CherryX per Wikimedia Commons, CC BY-SA 3.0)

Ou seja, a metáfora aqui é: algo que invade e destrói por dentro. Será que, por isso, os poetas antigos utilizaram o Cavalo de Troia para falar da suposta invasão de Troia por Agamenon e seus homens, ou essa brilhante tática militar, como nos é contada desde a infância, realmente aconteceu?

E para você, caro leitor do Olhar Digital, o cavalo de Troia realmente existiu, não passa de uma metáfora, ou era outro tipo de arma militar? Opine na caixa de comentários abaixo!