Durante o processo de formação do Universo, os objetos espaciais se chocavam a torto e a direito. Um deles tinha a superfície de fogo borbulhando e se chocou com Theia, que vinha em velocidade estonteante. O resultado desse choque foi enorme explosão incandescente e silenciosa, causando erupção de matéria diamantina para o Espaço. No fim, surgiu nosso planeta e Selene (a Lua).

Esta história da criação, que tem 4,5 bilhões de anos, não é um mito, até onde os cientistas sabem. Pouco após a formação de nosso Sol e dos planetas se formarem, um objeto com tamanho similar ao de Marte (metade do tamanho de nosso planeta) colidiu com a Terra, que estava se resfriando.

publicidade

Leia mais:

A colisão lançou, especialmente da Terra, matéria para o Espaço, pois o objeto colisor foi praticamente vaporizado. Os destroços entraram na órbita terrestre e, após milhões de anos, se juntaram ao nosso planeta.

publicidade

Imagem: Rodrigo Mozelli/Olhar Digital

Theia formou a Lua da Terra?

  • Conforme o Atlas Obscura, os cientistas chamam o objeto que colidiu com a Terra de Theia;
  • Na mitologia grega, Theia é uma deusa, mãe de Selene, que, por sua vez, é conhecida, na mitologia romana, como Luna, a deusa da Lua;
  • Nada disso é coincidência: os astrônomos se basearam em fragmentos observados.

As rochas lunares possuem assinatura química similar a várias rochas vulcânicas da Terra, indicando que elas podem ter compartilhado suas origens. A matéria radioativa encontrada em tais rochas funcionam como uma espécie de cronômetro, que começou a funcionar tão logo as rochas se formaram. Além disso, ela mostra que a Lua surgiu pouco depois da Terra.

publicidade

E, por meio de simulações de computador, foi demonstrado que é possível formar a Lua como a conhecemos hoje a partir do lançamento de um projétil do tamanho do Planeta Vermelho contra uma Terra totalmente tomada por magma.

Mas há uma questão: o que houve com o objeto que teria criado a Lua, Theia? Para comprovar a teoria, seria necessário encontrar algum resquício dele, pois partes de Theia estariam tão misturadas com as da Lua que, quimicamente, é impossível de encontrá-las.

publicidade

Theia está na Terra?

Nas margens do núcleo da Terra, há duas bolhas gigantes. Elas se localizam abaixo da África e do Pacífico, respectivamente.

Ninguém sabe ao certo o que são, mas as ondas sísmicas que atravessam o planeta profundamente revelam que são reais e seu tamanho em expansão: continental, algo em torno de 30% da fronteira núcleo-manto. Mas sua química, natureza e proveniência seguem desconhecidos desde que foram descobertos, décadas atrás.

Naturalmente, alguns cientistas chegaram a se perguntar: será que essas duas bolhas são resquícios de Theia?

Para nos deixar de queixo caído, um estudo publicado em 2023 na Nature apontou que isso pode mesmo ser real. Isso porque simulações computacionais de última geração mostraram a suposta colisão.

Nessas simulações, a crosta extrema de Theia teria sido destruída com o impacto, mas seu manto derretido, similar a uma massa, abaixo, teria permanecido parcialmente intacta e parte dele poderia ter caído na Terra, coberto de magma.

Como os fragmentos são ricos em ferro e, dessa forma, muito densos, eles teriam afundado bastante e se assentado no núcleo de ferro recém-formado, permanecendo lá até hoje.

Claro que são evidências circunstanciais, pois é impossível extrair pedaços inalterados da Terra em tamanha profundidade, de modo a confirmar a suposição.

Contudo, este estudo se alinha com várias outras pistas que sugerem que Theia ajudou na formação da Terra e que parte dele se alojou em nosso planeta.

terra
Imagem: 24K-Production/Shutterstock

Bolhas abaixo da Terra são ativas!

As bolhas que se suspeita serem restos de Theia não são passivas. Isso porque o calor da fronteira núcleo-manto terrestre estariam causando certa agitação dentro deles, provocando o surgimento de matéria superaquecida.

Ao longo de milhões de anos, algumas dessas plumas atingem a base das placas tectônicas, fervendo muito magma e alimentando erupções vulcânicas mundo afora, incluindo as que despejam lava no oceano.