(Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)
Stephen Kane, astrofísico da Universidade da Califórnia, descobriu que um planeta num sistema estelar distante estava coberto por um número surpreendente de vulcões ativos. Eram tantos que, juntos, davam ao exoplaneta uma aparência vermelha e ardente.
A descoberta foi detalhada num artigo publicado no The Astronomical Journal. Kane realizou sua pesquisa usando dados do Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS) da NASA, lançado em 2018. O TESS se dedica à busca de exoplanetas que orbitam as estrelas mais brilhantes do céu.
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Kane focava no sistema estelar HD 104067, localizado a cerca de 66 anos-luz do Sol, já conhecido por ter um planeta gigante. Durante sua investigação, o TESS identificou um novo planeta rochoso, aumentando para três o total de planetas conhecidos nesse sistema. Este novo planeta é semelhante em composição à Terra, mas 30% maior.
Este novo planeta, no entanto, se assemelha mais a Io, a lua de Júpiter conhecida por sua intensa atividade vulcânica. Kane descreveu o planeta, em comunicado da Universidade da Califórnia, como um “Io bombado”, destacando que sua superfície está em constante erupção vulcânica. Essa característica o torna incandescente e vermelho em comprimentos de onda ópticos.
A temperatura na superfície deste planeta, denominado TOI-6713.01, passa dos 2,3 mil graus Celsius – temperatura superior a de algumas estrelas. As forças gravitacionais desempenham um papel crucial nessa intensa atividade vulcânica, assim como ocorre com Io, que está muito próximo de Júpiter.
Kane explicou que, assim como as luas de Júpiter influenciam a órbita de Io tornando-a elíptica, os dois planetas mais distantes do sistema HD 104067 impõem uma órbita excêntrica ao novo planeta rochoso. Isso provoca compressão e consequentes erupções vulcânicas devido à energia das marés, que é a energia gerada pelo efeito gravitacional de um corpo sobre outro.
No futuro, Kane e sua equipe planejam medir a massa do planeta e determinar sua densidade, o que ajudará a entender melhor a quantidade de material expelido por seus vulcões. Ele observou que a pesquisa em exoplanetas geralmente não se concentra nos efeitos das marés, mas essa descoberta pode mudar essa tendência.
O astrofísico ressaltou que essa situação extrema demonstra como a energia das marés pode afetar significativamente um planeta terrestre, consideração importante que não deve ser ignorada nas pesquisas futuras.
Isso sublinha a necessidade de saber mais sobre (e entender melhor) a contribuição das forças estelares e das marés para o ambiente de um planeta.
Esta post foi modificado pela última vez em 13 de maio de 2024 15:34