Neuralink sabia da retração de fios em implantes cerebrais há anos

Neuralink sabia há anos que fios de implantes cerebrais poderiam retrair, mesmo assim avançou para testes em humanos
Ana Luiza Figueiredo16/05/2024 12h17
neuralink
(Imagem: Angga Budhiyanto / Shutterstock.com)
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A Neuralink, empresa de interface cérebro-máquina de Elon Musk, tem enfrentado problemas significativos com a retração de fios, uma questão que a empresa já conhecia há anos, de acordo informações obtidas com exclusividade pela da Reuters. Apesar da consciência decorrente dos testes em animais realizados antes da aprovação, a Neuralink considerou o risco de retração dos fios muito baixo para justificar um redesenho.

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implante cerebral neuralink
(Imagem: Legally Cute / Shutterstock.com)
  • O implante da empresa, destinado a permitir que pacientes paralisados controlem dispositivos digitais apenas com o pensamento, encontrou seu primeiro grande desafio durante o teste inicial em um humano.
  • Na última semana, a Neuralink confirmou que parte do seu primeiro implante cerebral colocado em um paciente humano “apresentou mau funcionamento”.
  • O teste revelou que os fios do implante, mais finos que um fio de cabelo humano, retraíram do cérebro do paciente, reduzindo o número de eletrodos capazes de decodificar sinais cerebrais.
  • A Neuralink conseguiu restaurar alguma funcionalidade ajustando o algoritmo para aumentar a sensibilidade.
  • No entanto, a decisão da empresa de não redesenhar os fios pode levar a complicações adicionais se mais fios se retraírem e os ajustes no algoritmo se mostrarem insuficientes, observou uma fonte à Reuters.

Conhecimento da FDA e redesign de fios

A Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória dos EUA, foi informada sobre o potencial problema de retração dos fios através dos resultados dos testes em animais incluídos na aplicação da Neuralink para testes em humanos. A FDA se recusou a comentar sobre seu conhecimento ou as implicações da questão, mas garantiu que continuará monitorando a segurança dos pacientes no estudo.

O redesign dos fios do implante poderia apresentar riscos adicionais, como danos ao tecido cerebral se os fios se deslocarem ou se o dispositivo precisar ser removido, segundo duas fontes da Reuters. O potencial para tais complicações destaca os desafios que a Neuralink enfrenta ao avançar sua tecnologia, garantindo, ao mesmo tempo, a segurança dos pacientes.

A Neuralink e seus executivos não responderam aos pedidos de comentário da Reuters. As cinco fontes obtidas pela agência de notícias solicitaram anonimato devido a acordos de confidencialidade. Elas forneceram informações sobre as discussões internas da empresa e o processo de supervisão da FDA.

À medida que a Neuralink prossegue com seus testes, os resultados desses contratempos iniciais e os ajustes subsequentes serão cruciais para determinar a viabilidade e segurança da tecnologia para uso mais amplo.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.