Uma família de asteroides tem chamado atenção dos pesquisadores por poder nos ajudar a entender mais sobre o passado da Terra. Conhecidas como Erigones, essas rochas espaciais são ricas em água e podem nos dizer como essa importante molécula chegou ao planeta.

Quando asteroides são atingidos por outras rochas espaciais, o resultado pode ser a fragmentação desses em objetos muito menores que possuem características em comum, como sua órbita. A esses grupos de novos pequenos asteroides os astrônomos dão o nome de família.

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Representação astística de uma colisão de asteroides que posteriomente irá formar uma família de asteroides menores (Crédito: NASA/JPL-Caltech/R. Hurt)

Algumas das famílias de asteroides, além de compartilharem a mesma órbita, também preservam suas propriedades químicas e é nesse tipo de grupo que os astrônomos, em novo estudo publicado na revista Icarus, estão particularmente interessados. A composição primitiva dessas rochas espaciais podem fornecer informações sobre o antigo Sistema Solar.

Existem teorias de que a Terra poderia ter recebido uma fração de sua água de asteroides primitivos no início do sistema solar. Uma grande parte destas teorias consiste em compreender como estes asteroides primitivos foram transportados para o caminho da Terra. Portanto, explorar asteroides primitivos no sistema solar hoje poderia ajudar a pintar um quadro do que acontecia há tantos anos.

Brittany Harvison, autora da pesquisa, em comunicado

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A família de asteroides Erigone tem muito a revelar

Ilustração de asteroides no espaço
(Crédito: Vadim Sadovski/Shutterstock)

A pesquisa faz parte do projeto nomeado de Primitive Asteroid Spectroscopic Survey (PRIMASS) cujo objetivo era rastrear as propriedades químicas das famílias de asteroides que preservam características do antigo sistema solar. Brittany Harvison foi quem ficou responsável por investigar as observações infravermelhas da família Erigone. 

A família Erigone é cosmicamente jovem, tendo se formado há cerca de 130 milhões de anos, levando o nome do maior asteroide que compõe o grupo, o 163 Erigone, com 72 quilômetros de diâmetro. O grupo de rochas espaciais foi analisado a partir de observações feitas pelo Telescópio Infravermelho de 3,2 metros da NASA no Havaí e pelo Telescopio Nazionale Galileo de 3,58 metros nas Ilhas Canárias da Espanha.

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A investigação analisou a composição de 25 objetos que compõem essa família de asteroides e revelou informações importantes sobre a química deles.

  • Cerca de 43% da família Erigone é composta por asteroides carbonáceos do tipo C;
  • 28% das rochas são do tipo X, um tipo diferente de objetos que provavelmente possui um espectro semelhante ao restante do grupo;
  • As rochas do tipo B, uma variação dos asteroides carbonáceos, compõe 11% da família Erigone;
  • Já os asteroides desconhecidos do tipo T representam 7% da população;
  • Os asteroides pedregosos do tipo L e S também estão por lá, mas parecem ser intrusos ao invés de realmente membros da família.

O que chamou atenção das investigações é quão hidratadas são as rochas da família Erigone, tornando-os particularmente um alvo importante para os astrônomos. Inclusive, a missão Lucy, que irá se destinar aos asteroides troianos, irá passar primeiro pela rocha espacial carbonácea do tipo C, 52246 Donaldjohanson, que é da família de asteroides Erigone.

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Representação artística da sonda Lucy, da NASA, no espaço. Crédito: Naeblys – Shutterstock

A passagem prevista para acontecer em 20 de abril de 2025 deverá revelar ainda mais sobre os objetos da família Erigone e começar a fornecer mais informações sobre o passado do nosso Sistema Solar, e da Terra. Além disso, a equipe do PRIMASS também poderá fazer observações com o Telescópio Espacial James Webb a partir do meio do ano.