Certa vez, Albert Einstein teorizou o seguinte: se você estiver perto de um buraco negro, há uma área próxima a ele na qual é impossível evitar a queda dentro dele, pois ela “puxa” o que quer que seja. E, agora, sabemos que esta teoria é mesmo verdadeira.

Essa área é chamada de região de mergulho e fica ao redor dos buracos negros. Nela, a matéria deixa de os rodear e acaba sendo puxada para o interior escuro.

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Pesquisa confirma: Einstein tinha razão sobre buracos negros!

  • A pesquisa, conduzida por astrofísicos do Departamento de Física da Universidade de Oxford (Inglaterra), foi publicada em 16 de maio na Monthly Notices of The Royal Astronomical Society;
  • Nela, os investigadores observam que a região em questão exerce uma das forças gravitacionais mais fortes já vistas em nossa galáxia, reporta a universidade em comunicado;
  • O estudo faz parte de investigação mais ampla de Oxford sobre objetos cósmicos;
  • Ele foca em buracos negros menores e mais próximos à Terra;
  • Para chegar à conclusão, foram usados dados de raio-x dos telescópios NuSTAR e NICER, ambos da NASA.
Renderização digital de um buraco negro via Aman Pal/Unsplash
Renderização digital de um buraco negro (Imagem: Aman Pal/Unsplash)

O que dizia Einstein sobre os buracos negros

Enquanto Isaac Newton defendia a lei da gravidade, a teoria de Einstein sobre os buracos negros era oposta a ela – o físico dizia que, ao chegar próximo a um buraco negro, as partículas passam a orbitar sem segurança em torno dele. Elas acabam indo em direção ao centro dele em velocidade próxima à da luz.

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Essa é a primeira visão de como o plasma, tirado da parte mais externa de uma estrela, tem sua queda final no centro de um buraco negro, em processo acontecendo em um sistema a dez anos-luz de distância. O que é realmente emocionante é que existem muitos buracos negros na galáxia e, agora, temos nova e poderosa técnica para usá-los no estudo dos campos gravitacionais mais fortes conhecidos.

Andrew Mummery, pesquisador de Física da Universidade de Oxford que liderou o estudo, em comunicado da instituição

Mummery salienta que Einstein já tinha defendido em sua teoria a existência desse “mergulho” final, e a pesquisa conseguiu demonstrar, pela primeira vez na história, como esse processo se desencadeia.

Pense nisso como um rio se transformando em cachoeira – até agora, estivemos olhando para o rio. Esta é a nossa primeira visão da cachoeira. Acreditamos que isto representa novo e excitante desenvolvimento no estudo dos buracos negros, permitindo-nos investigar esta área final em torno deles. Só então poderemos compreender completamente a força gravitacional. Este mergulho final de plasma acontece na extremidade de um buraco negro e mostra a matéria respondendo à gravidade na sua forma mais forte possível.

Andrew Mummery, pesquisador de Física da Universidade de Oxford que liderou o estudo, em comunicado da instituição

Há tempos, os astrofísicos buscam entender o que se passa perto da superfície de um buraco negro. Para tanto, estudam discos de material que orbitam ao redor deles.

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Os pesquisadores a debatem há décadas se seria possível detectar a região de mergulho. Antes do modelo atual, que confirmou a teoria de Einstein, vários outros já haviam sido desenvolvidos, sem sucesso.

Mummery opina que o estudo é um avanço ao permitir a investigação dessa região. Ele afirma que o mergulho final das partículas demonstra como a matéria responde à gravidade da maneira mais forte possível.

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Oxford pontua no comunicado que, ainda este ano, outra equipe da universidade espera se conseguir obter as primeiras filmagens de buracos negros maiores e mais distantes, sendo este estudo parte de iniciativa europeia multimilionária.

O responsável pela teoria da relatividade geral
Albert Einstein (Imagem: Pixabay)

A segunda equipe de estudo do Departamento de Física de Oxford faz parte de iniciativa europeia para construir novo telescópio, o Africa Millimeter, que aumentaria muito a capacidade de obter imagens diretas de buracos negros.

Segundo a instituição, já foram garantidos mais de dez milhões de euros (R$ 55,79 milhões, na conversão direta) de financiamento, parte dos quais apoiará alguns primeiros doutoramentos em astrofísica para a Universidade da Namíbia.

Ainda, espera-se que o novo telescópio consiga realizar observações e filmagens, pela primeira vez, de grandes buracos negros no centro da Via Láctea e além.