Nesta quinta-feira (23), o telescópio espacial Euclid, da Agência Espacial Europeia (ESA), revelou cinco novas imagens cintilantes do cosmos, destacando uma variedade de objetos celestes com detalhes inéditos. 

Conhecido como o “detetive do Universo sombrio”, o equipamento tem a missão de desvendar os mistérios da energia escura e da matéria escura, componentes intrigantes e invisíveis do Universo. 

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A energia escura está associada à força que acelera a expansão do Universo, enquanto a matéria escura, invisível por não interagir com a luz, compõe uma parte significativa do cosmos, diferindo da matéria “comum” que forma estrelas e planetas.

O Universo escuro representa um desafio significativo para os cientistas, pois a energia escura constitui aproximadamente 68% do cosmos, e a matéria escura, cerca de 27%. Em contraste, apenas 5% é formado pela matéria e energia convencionais. 

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Euclid tem a missão de explorar esses elementos enigmáticos. As novas imagens, parte das Observações Iniciais do Telescópio, demonstram que ele está apto a essa tarefa e pode superar as expectativas iniciais dos cientistas.

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Lançado pela SpaceX em 1º de julho de 2023 do Cabo Canaveral, na Flórida, a bordo de um foguete Falcon 9, Euclid já enviou imagens incríveis para a Terra. Com o tempo, espera-se que esse envio de dados se tornem mais frequentes. 

As cinco imagens recém-divulgadas são pelo menos quatro vezes mais nítidas do que aquelas obtidas por telescópios terrestres, cobrindo vastas áreas do céu com uma profundidade sem precedentes. 

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Equipado com uma câmera de 600 megapixels que capta alvos celestes na luz visível e um espectrômetro infravermelho próximo, Euclid está posicionado para fornecer perspectivas valiosas do Universo distante.

Novas imagens cintilantes obtidas pelo Telescópio Espacial Euclid

Você confere a seguir as imagens obtidas pelo Euclid recém-divulgadas pela ESA.

Abell 2390

A imagem de Euclid do aglomerado de galáxias Abell 2390 revela mais de 50 mil galáxias e impressionantes arcos de lentes gravitacionais, que são múltiplas visões do mesmo objeto distante. 

Aglomerado de galáxias Abell 2390 na visão de Euclid. Créditos: ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, image processing by J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi

Essas lentes, que dobram e distorcem a luz das galáxias distantes pela gravidade, são usadas para explorar o Universo escuro e medir a matéria escura. Os cientistas estudam como as massas e o número de aglomerados de galáxias mudaram ao longo do tempo, revelando a história e a evolução do Universo. 

Além disso, Euclid destaca a “luz intraglomerado”, que vem de estrelas arrancadas de suas galáxias e fica no espaço intergaláctico, ajudando a identificar onde está a matéria escura.

Messier 78

Esta imagem incrível mostra a galáxia Messier 78, um berçário de estrelas cercado por poeira interestelar. Utilizando uma câmera infravermelha, Euclid revelou regiões ocultas de formação estelar, mapeando filamentos de gás e poeira em detalhes inéditos e descobrindo novas estrelas e planetas.

Galáxia Messier 78, um berçário de estrelas cercado por poeira interestelar. Créditos: ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, image processing by J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi

Seus instrumentos detectam objetos com apenas algumas vezes a massa de Júpiter e revelaram mais de 300 mil novos corpos celestes neste campo de visão.

NGC 6744

Euclid capturou também NGC 6744, uma galáxia espiral que exemplifica o tipo de galáxia que mais forma estrelas atualmente no Universo. A imagem abrange toda a galáxia, revelando tanto a estrutura espiral em grande escala quanto detalhes finos, como faixas de poeira emergindo dos braços espirais.

NGC 6744, uma galáxia espiral do tipo que mais produz estrelas no Universo. Créditos: ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, image processing by J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi

Os cientistas utilizam esses dados para estudar a relação entre poeira, gás e formação de estrelas; mapear a distribuição de diferentes populações estelares; e entender melhor a física das galáxias espirais.

Abell 2764 (e sua estrela brilhante)

Esta imagem mostra o aglomerado de galáxias Abell 2764 (canto superior direito), contendo centenas de galáxias e um vasto halo de matéria escura. O telescópio Euclid captura muitos objetos neste campo de visão, incluindo galáxias de fundo, aglomerados distantes e galáxias interagindo. 

ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, image processing by J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi

A ampla visão de Euclid permite aos cientistas determinar o raio do aglomerado e observar galáxias distantes. Essas observações também ajudam a explorar galáxias da época das trevas cósmicas, como Abell 2390. Uma estrela brilhante de primeiro plano (V*BP-Phoenicis/HD 1973) aparece na cena, mas Euclid minimiza sua dispersão de luz, permitindo a visualização clara das galáxias distantes.

Grupo Dorado

Na última imagem divulgada pela ESA, Euclid revela galáxias em evolução e fusão no grupo Dorado, evidenciando caudas de maré e conchas resultantes de interações galácticas. Este conjunto de dados ajuda os cientistas a estudar a evolução das galáxias, melhorar modelos de história cósmica e compreender a formação galáctica em halos de matéria escura. 

Nesta imagem, Euclid revela galáxias evoluindo e se fundindo “em ação” no grupo de galáxias Dorado. Créditos: ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, image processing by J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi

A imagem demonstra a capacidade única de Euclid para capturar uma ampla variedade de galáxias, de brilhantes a fracas, graças ao seu campo de visão abrangente, profundidade notável e alta resolução espacial. Os cientistas também investigam aglomerados globulares para entender sua história e dinâmica galáctica.