O transporte marítimo é uma forma eficiente de transportar mercadorias em todo o planeta, mas é responsável por cerca de 3% das emissões globais de carbono provocadas pelo homem. Uma nova e ambiciosa solução promete reduzir as emissões e ainda economizar mais combustível nos navios de carga.

Um novo sistema chamado Blue Visby vai na contramão de outros ideias como alterar o tipo de combustível, usar velas ou propulsão elétrica. O que muda é apenas a maneira de guiar as embarcações.

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Sistema reduz emissões e gasto de combustível

  • Segundo a equipe da empresa que leva o mesmo nome, os navios de carga operam em alta velocidade e passam em média 8% do tempo de operação parados no porto porque chegaram no destino mais cedo.
  • A ‘Solução Blue Visby’ simplesmente estabelece momentos em que os navios podem diminuir a velocidade para atracar apenas na hora certa por meio de coordenação e conectividade entre as partes envolvidas.
  • Viajar a uma velocidade mais lenta reduz automaticamente o arrasto, consome menos combustível e, por consequência, reduz as emissões.
  • No fim da linha, a entrega também não é afetada e nem o fluxo de navios nos portos, já que o sistema é programado para chegar e descarregar nos horários certos.
Comércio marítimo
Nova solução economiza combustível e diminui emissões apenas mudando a maneira de guiar as embarcações. Imagem: hxdyl/Shutterstock

No fim, além de reduzir o consumo de combustível e as emissões, economizar dinheiro e chegar na hora certa, há outros benefícios: evitar longos períodos de espera e reduzir a poluição sonora subaquática ao navegar em velocidade mais baixa.

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Qual o ganho em eficiência?

Nos primeiros testes, a Blue Visby estudou os movimentos de 3.651 navios que realizaram 20.580 viagens em 2022 e estimou que esses ajustes de tempo poderiam reduzir as emissões em uma taxa média de 23,2% sem afetar os prazos.

Entre os navios graneleiros que já testaram a solução, estão o M/V Gerdt Oldendorff e o M/V Begonia. Ambos implantaram software, sistemas técnicos e operacionais da Blue Visby em viagens com destino à Austrália. Os resultados foram ainda melhores no primeiro, com redução estimada de CO₂ em 28,2% e média de 17,3% de redução no segundo navio.

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Navios no Canal do Panamá
Segundo os criadores, o efeito é muito maior do que o visto em outros sistemas que precisam de modificações nas embarcações para funcionar. (Imagem: Marina113/iStock)

A eficiência energética é impossível se os navios continuarem a navegar rápido”, afirmam os coordenadores da Blue Visby, Haris Zografakis e Pekka Pakkanen, em comunicado à imprensa. A solução será mais um aliado na estratégia de descarbonização no mercado marítimo, acrescenta a empresa.

Estamos muito entusiasmados em ver os resultados dos primeiros testes”, disse o CEO Christian Wounlund. O executivo afirma que a implantação comercial em escala maior deve começar ainda em 2024.